Comunicação, Educação, Feminismo
- Reflexões a respeito de...
sexta-feira, 16 de maio de 2025
“Adolescência” e a des (construção) da identidade

quarta-feira, 3 de julho de 2024
Dicionário biográfico reúne histórias de 100 mulheres afrodiaspóricas que ajudaram a construir o Brasil

terça-feira, 30 de abril de 2024
Humanidade Baixa

Sororidade

sexta-feira, 14 de julho de 2023
Ressonância...
Sábado, 10h40. Pontualmente estava na clínica como agendado. Formulário com um pequeno texto explicativo sobre o que consiste o exame, seguido de um questionário que buscava saber mais sobre minha condição física. Cirurgias, uso ou não de próteses. Objetos que sofram efeitos do campo magnético. Coisas que ajudam a tencionar mais o que eu iria viver durante os mais de 60 minutos naquela sala branca, com teto cheinho de luzes, como se fosse um céu estrelado, de fundo branco, dentro daquele tubo que nos remete aos filmes de ficção científica.
Concluída a fase de coleta de dados, preenchimento de formulário e questionário, emissão de guias, uma jovem com uniforme verde, me chama pelo nome, entrega um pacote com uma camisola para eu me trocar, pede pra eu tirar tudo o que era metal, e depois, mais algumas perguntas. A ressonância daquela manhã não era a minha primeira, e sim, este era o principal motivo de eu estar ansiosa. O fato de ficar deitada com o corpo dentro de um tubo, com um espaço de menos de 20 centímetros entre o nariz e a parte superior da cápsula, sem condições de se mexer, submetida a sons num período de mais ou menos uma hora, não é confortável. É assustador, causa pânico.
Bem, sabendo de tudo isto e compartilhando experiências com outras pessoas, o que me restou foi controlar a minha ansiedade, tentando manter o cérebro focado em outras coisas que não fosse desejar apertar a campainha, que os técnicos colocam em uma das mãos, para acioná-la em caso de necessidade. Já aconteceu de no primeiro minuto, em uma das ressonâncias, eu apertar, pedir para sair e não voltar para dar continuidade ao exame. Não queria passar por isto novamente, até porque interromper o exame significaria ter que enfrentar todo o processo novamente, que não é simples, nem fácil!
Começou. Os técnicos por microfone reforçam a necessidade de me manter imóvel, sem mexer. Seriam três exames, iniciariam por um, cujo objetivo era investigar possível esclerose. Havia explicado que em um determinado momento eu deveria colocar na boca em tempos diferentes, uma seringa pequena, outra média e outra grande, segurando-as com a boca, sem movimentar língua, sem engolir saliva, enfim...aff! E dai-lhe barulho. Era uma playlist completa. De fundo e antes mesmo do início dos exames, a máquina já emitia um barulho, que mais parecia um som feito por DJ em festa trance. Tistum, tistum, tistum, num compasso simples, que permaneceria como Back Ground ou BG o tempo todo de duração dos exames. Depois foi introduzido um outro som, com outra batida, um martelo? Sim, o barulho era de som de um martelo metalizado. Uma, duas, três...sessenta vezes. Parou! Quantos minutos havia se passado? Dez, quinze? Quando dariam o comando para o momento das seringas? De repente, a voz do técnico: - D. Geralda? Tudo bem? A senhora está se movimentando? Engulindo? Eu disse que sim, estava engolindo saliva, secreções...E o técnico: - não pode D. Geralda, Teremos que começar tudo de novo! Fiquei sem acreditar... Jesus, será que vou conseguir concluir? Começar de novo?
Tudo bem. Vamos lá, eu vou conseguir. Vou tentar me ocupar dos barulhos. Quantas vezes cada som era repetido? O que significava cada tipo de som ali? O que eles mediam? Que imagem meu cérebro ia formando diante dos diferentes sons? E o volume? Sim, era num volume alto, digno de um show de rock. Era isso! Aqueles sons podem perfeitamente servir para compor um arranjo de rock. As imagens certamente dignas de um cenário psicodélico, que o digam os profissionais das projeções nos shows. O momento das seringas chegou, felizmente! Sinal de que estava dando tudo certo. Primeiro exame encerrado. Mais barulhos – sons, intercalados de pequenos intervalos de silêncio. Minha sina naquela maca ainda não tinha chegado ao fim. Bora contar a sequência de batidas. Um, dois... trinta, barulho ensurdecedor, cinqüenta, será? Esqueci...melhor pensar na história que me propus a criar para o Rafinha. O menino dos olhos azuis, da terra dos tubarões. Ok, mas não me vinha inspiração. Quanto tempo será que falta? Rayi Kena deve estar no final do vôo para Salvador. O barulho agora era diferente. O tempo está mais compassado, será que este som é a última etapa do exame? Trinta, trinta e um, cinqüenta, cinqüenta e nove, sessenta, sessenta e um... eu que o tempo todo mantive os olhos fechados, resolvi abri-los. Pela primeira vez consegui visualizar o tubo e a grade por cima da minha cabeça, sem sentir pânico. Quanto tempo será que ainda falta? Sessenta e quatro... de repente, silêncio. Um vácuo. Será que ainda tem mais alguma coisa? D. Geralda, tudo bem? Terminamos viu? Correu tudo bem. Gente, que sensação estranha... Acabou? Eu posso sair?
A jovem de uniforme verde entra na sala, aperta o botão da máquina que movimenta, me trazendo para fora do tubo. Ela me ajuda a sentar. Peço para esperar eu me recompor antes de me levantar, já que o movimento de levantar a cabeça, me causa tonturas. Levanto, olho para minha irmã que se manteve o tempo todo na sala, sentada, me acompanhando - o tempo foi tão longo, que ela estava ansiosa para sair dali e procurar um banheiro para fazer xixi. A sensação de alívio era tão grande, que me invadiu uma alegria e uma despreocupação com o momento seguinte, que há muito eu não tinha. Já sei o que fazer, quero bater perna e tomar uma cerveja!
Ressoa a vida, ressoa...
Imagens: RD Xavier(Internet)

Distopia na administração de Goiânia
Geralda Cunha – É
mestra em Educação pela UFG. Assessora de Comunicação e Ativista pelos Direitos
Humanos
Goiânia sofre com o fenômeno da distopia que acometeu o
nosso país nos últimos tempos. A distopia é um pensamento filosófico caracterizada
por uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios
extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos, o
termo surge como o oposto de utopia. Na literatura e no cinema são muitos os exemplos de sociedades
distópicas. Quem não se lembra do livro e filme do mesmo nome 1984? Matrix, Mad
Max e o brasileiro Bacurau, entre outros? O goiano José J. Veiga abordou o tema
no livro A hora dos Ruminantes, de 1967.
A administração da nossa capital tem sido um
bom exemplo de administração distópica A população tem sofrido com esta polêmica
e confusa gestão. Quando o assunto é Educação, a Educação Infantil (uma das etapas prevista na LDB
9394/96 e considerada fundamental na formação do indivíduo), vem sendo negligenciada ao longo dos anos nas
administrações municipais da nossa capital. Ano após ano as demandas não são todas
atendidas e crianças, que deveriam estar nos Centros Municipais de Educação
Infantil – Cmeis estão fora deles, enquanto mães e pais precisam recorrer ao
Ministério Público para terem acesso às vagas que lhes são de direito! Não
existe um planejamento para suprir esta demanda e dar dignidade às crianças e
suas famílias. Eis que o gestor tira da cartola a brilhante ideia e vai defendê-la
no plenário da Câmara Municipal de Goiânia: fechar 50 bibliotecas e salas de
leitura, sob a alegação de que os livros causam sinusite! É inacreditável tal
argumento! Desconhecimento? Ignorância? Ou má intenção?
Parece atuam
baseados naquela velha máxima: “a gente propõe, se colar, colou!” Um verdadeiro acinte a nossa inteligência. Agem
com dolo, gerindo mal o dinheiro público, na certeza de que vão aceitar “descobrir um santo, para cobrir outro”, como
se não houvesse leis que exigem que as escolas cumpram requisitos básicos para o
funcionamento e um deles é a existência de bibliotecas para que as crianças,
alunas e alunos tenham acesso aos recursos da leitura, do conhecimento! Também
estão previstos que as escolas façam limpezas rotineiras nas caixas d’águas,
que tenham estrutura adequada para cadeirantes, proteção nas escadas, rampas,
espaços de convivência, salas adequadas ao número de crianças e alunos, de tal
forma que é fácil deduzir que esteja previsto profissionis da limpeza que
proporcionem ambientes limpos e arejados, impedindo todo o tipo de sujeira que
possam causar doenças como a referida pelo gestor!
Felizmente
as autoridades competentes impediram a tentativa de fechamento das bibliotecas
de forma irresponsável e autoritária. Infelizmente estamos sendo atropelados
por uma onda de gestores que chegaram ao poder e desconhecem como funciona a
administração pública. Impõem medidas e quando não conseguem o intento, usam
das prerrogativas para “convencer” parlamentares a compactuar com ações que não
atendem ao bem comum, pelo contrário, deixam uma camada de fumaça no ar, na
tentativa de enganar o povo, não prestando contas, sem transparência,
invertendo a lógica de um governo democrático, sendo um governo de e para privilegiados!

quinta-feira, 13 de julho de 2023
Dia mundial do Rock e os dez anos dos Boogarins - Por Geralda Cunha
