sábado, 9 de dezembro de 2017

Vida e Resistência


Geralda Ferraz – Radialista / Assessora de Comunicação / Presidente da AMC e integrante do Comitê de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno
De uns tempos para cá, ter direito a ter direitos passou a ser visto como coisa de pessoas da pior espécie, bandidos! Os Direitos Humanos têm sido execrados até mesmo nos espaços em que deveriam ser legitimados!  Ao analisar quem está ocupando cargos nas comissões parlamentares, secretarias ligadas as temáticas dos Direitos Humanos por este Brasil a fora, a relação que se faz é a mesma da fábula “A raposa e o galinheiro”.
Os direitos humanos na história da humanidade significa a luz no fim do túnel para aquela pessoa que está no limiar da sobrevivência digna e da morte em vida.  Hoje sistematizada na Declaração Universal dos Direitos da Pessoa Humana (1948), eles significam a garantia de vida das pessoas nas condições mais vulneráveis.  
Na nossa sociedade midiatizada, convertida a uma lógica fundamentalista de certo e errado, céu e  inferno, passamos a ficar indiferentes a tudo que não seja culturalmente permitido.  Estamos ficando cegos a realidade para além  dos muros da hipocrisia. Esta lógica perversa é um risco para a continuidade da vida social porque normatiza,  naturaliza e desumaniza.  Funciona assim: se a pessoa não pensa e não age como você, ela deve ser vista como sua inimiga. Se não estiver dentro dos parâmetros teocráticos cristãos pentecostais, ela está condenada ao inferno. Impensáveis outros modelos de família! Se a violência atinge mais a classe empobrecida e principalmente mulheres, negros, pessoas em situação de rua, LGBTTs, é  porque deus quis assim! Porque vivem em pecado! E através destes conceitos rasos, dia caminhando para um modelo de sociedade baseado na intolerância, que não admite a diferença e que justifica qualquer atitude criminosa nos princípios em que estão fundamentados. Em uma ética que não prevê a dignidade humana, mas a crença em um deus que honra quem o segue e castiga  quem pensa e age diferente! Tal lógica reducionista é oposta inclusive, a lógica do maior defensor dos fracos e oprimidos, Jesus Cristo!
Nesta lógica de inversão de valores, não há espaço para os princípios fundamentais dos Direitos Humanos que incluem o direito à vida e à liberdade! No dia 10 de dezembro, dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos, não há o que comemorar! O desafio é  refletir e compreender o que está por traz de cada retrocesso e de cada perda de direitos. Denunciar cada ato, cada violência sofrida, num exercício de RESISTÊNCIA.  


sábado, 25 de novembro de 2017

Todas contra dezoito

Artigo publicado no jornal O Popular, edição do dia 25.11.2017, por ocasião do dia internacional da não-violência contra a mulher

Todas contra dezoito
Geralda Ferraz – Assessora de Comunicação/ Presidente da Associação Mulheres na Comunicação
A mulher continua sendo vítima de violência! Não só a doméstica, mas de todas as formas de violência. Há pouco vimos com perplexidade a atuação da comissão parlamentar da Câmara dos Deputados  reunida para discutir uma Proposta de Emenda Constitucional, a PEC 181/2015, que a princípio tratava de proposta para discutir a licença-maternidade de mães de filhos prematuros, e que sorrateiramente sofreu alterações, estabelecendo que a vida começa na concepção, barrando a descriminalização do aborto e  vetando sua prática nos casos permitidos na legislação brasileira.
Um tema intrínseco as vidas das mulheres sendo tratado por 18 homens, sem o devido respeito, conhecimento ou sensibilidade. Desqualificando dados, estudos e especialistas. Mais! Desqualificando a capacidade das mulheres opinarem e decidirem  pelo que lhes pertencem, seus corpos! Tal encaminhamento ignorou inclusive, o pedido de questão de ordem da única deputada mulher presente na comissão, que não pode se pronunciar sobre um assunto! Assunto que naturalmente ela sabe falar com muito mais propriedade do que qualquer homem ali presente, simplesmente porque é mulher! Tal condução demonstrou o grau autoritário e machista daquela comissão, nada democrática! O cerceamento à voz da  única deputada mulher naquela comissão,  significou a violência e a criminalização de  mais de 50% da população brasileira composta de mulheres!
Para além da violência praticada contra as mulheres, os 18 parlamentares fundamentados na hipocrisia, deixando de lado os princípios éticos de um Estado Laico, previsto na Constituição Brasileira, demonstraram  irresponsabilidade  em relação as políticas públicas para esta parcela da população brasileira.  São as mulheres as mais vulneráveis, qualquer que seja o parâmetro a ser analisado. Na vida familiar, como chefe de família.  No mercado de trabalho, se sujeitando as piores condições de trabalho,  ganhando menos para exercer a mesma função que os homens, sem ter locais seguros (creches) para deixar seus filhos enquanto trabalham.  Nos espaços públicos, ficando a mercê de estupradores em ônibus lotados e outros locais, sem segurança. Nos programas preventivos, que deveriam prever planejamento familiar e a garantia de atendimentos nos postos de saúde. São as mulheres que morrem, porque assim como os parlamentares que votaram pela aprovação da PEC181, seus companheiros partem do princípio que são seus donos. Que as mulheres lhes pertencem!
O dia 25 de novembro é o dia de luta pelo fim da violência contra as mulheres. A aprovação da PEC 181 vai na contramão desta luta, significa violência e morte! Segundo a Organização Mundial da Saúde, o aborto é a quarta principal causa de mortalidade materna no Brasil. Estima-se que cerca de um milhão de procedimentos de abortamentos ilegais e inseguros são realizados por ano e a cada dois dias uma mulher morre por complicações de aborto ilegal no País.
A violência institucional está presente na atuação da Comissão Parlamentar. Vai contra o que está previsto no  CPB(1940), e na decisão do STF(2012), que permite o aborto em caso de estupro, de risco de vida da mulher e/ou gravidez  de anencéfalos. 
Vale a reflexão: a decisão da mulher não é crime! O estupro sim!


quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Por justiça a Mayara Amaral e a todas as mulheres vítimas de feminicídio!

Carta de Desagravo
Por justiça a Mayara Amaral e a todas as mulheres vítimas de feminicídio!
Foto: Ivone Cunha

No Brasil, a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil mulheres – a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Goiás é o segundo Estado brasileiro que mais teve homicídios de mulheres em 2014.

O homicídio cometido com requintes de crueldade contra mulheres por motivações de gênero, desde 2015, tornou-se crime hediondo com a promulgação da lei nº13. 104/2015, a lei do feminicídio. Na legislação, a violência doméstica e familiar e o menosprezo ou discriminação à condição de mulher são descritos como elementos de violência de gênero e integram o crime de feminicídio.

As Diretrizes Nacionais sobre feminicídio, lançado em 2016 pela ONU Mulheres Brasil e o Escritório das Nações Unidas, com o objetivo de incluir a perspectiva de gênero nos processos de investigação e julgamento de crimes de feminicídio, prevê como motivações de crimes baseadas em gênero, o sentimento de posse sobre a mulher, o controle sobre seu corpo, desejo e autonomia; a limitação da sua emancipação profissional, econômica, social ou intelectual; o tratamento da mulher como objeto sexual; e as manifestações de desprezo e ódio pela mulher e por sua condição de gênero.

No final do último mês, a tragédia da morte de Mayara Amaral nos deixou mais uma vez assustadas, indignadas, paralisadas diante de tamanha crueldade, da qual ela foi vítima. Foi o grito de sua irmã, Pauliane, através das redes sociais, que nos sacudiu e nos expôs o que acostumamos a ler nos jornais, quando se trata dos relatos de crimes em que as mulheres são vítimas. O tratamento dado pela imprensa demonstra o quanto o machismo está impregnado nos textos e narrativas jornalísticas.

A versão dada pela imprensa colabora para diminuir a culpa do criminoso e desqualificar a vítima, Mayara, quando omitem a palavra estupro, apesar de todas as evidências; quando hiper-sensualizam a imagem de Mayara, para falar sobre o “suspeito” e ainda quando deixam de mostrar o rosto da vítima, quando é para falar da musicista, desumanizando-a.

Tal constatação, infelizmente, demonstra como a imprensa/mídia acaba por corroborar e ser conivente com esta realidade perversa, em que milhares de mulheres têm suas vidas ceifadas.

A violência de gênero está presente nas mídias sociais. Da maneira como é abordada, acaba por se naturalizar no nosso dia-a-dia, nos nossos costumes, jornais, propagandas, e passa despercebida para grande parcela da população e formadores de opinião. A mulher mesmo sendo vítima, é desumanizada.

Quando jornais e revistas expõem a vida da vítima de forma parcial, fazendo juízo de valores, estão certamente relativizando a violência sofrida pela mulher, reforçando a separação: de um lado estão as mães, irmãs, mulheres – belas, recatadas e do lar, passíveis de desejo, admiração ou respeito, em contraposição às demais mulheres consideradas objeto, passível de uso, e portanto, fazem por merecer a violência, o ódio, a morte(1).

Enquanto os casos de violência contra a mulher forem naturalizados, os conceitos de força, domínio, desejo e submissão entre os sexos irão prevalecer. É preciso desenvolver entre os profissionais da comunicação uma consciência ética, de princípios que transponham e superem a cultura machista que violenta e mata.

Nós da Associação Mulheres na Comunicação, unidas a dezenas de outras instituições não governamentais, que lutam pelo direito à comunicação, pela comunicação de gênero, não-sexista, ratificamos nossos princípios e repudiamos todo o tratamento dado pela mídia que reforça o machismo e naturaliza a violência de gênero e o feminicídio.

Pela memória de Mayara Amaral!

Por justiça a Mayara Amaral e a todas as mulheres vítimas de feminicídio!

Nenhuma a menos!

As queremos vivas!!!!

Geralda Ferraz – Radialista/ Assessora de Comunicação/ Esp. Assessoria de Comunicação/ Presidente da Associação Mulheres na Comunicação
Assinam:
Entidades:
Coletivo Mayara Amaral
Associação Mulheres na Comunicação
Rede de Mulheres em Comunicação
AMARC - Associação Mundial das Rádios Comunitárias
Movimento de Meninos e Meninas de Rua de Goiás / MMMR-GO
Sindsaude-GO
Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno
Frente de Mulheres de Movimentos do Cariri e Mulheres do MAIS
CPM/UBM-GO
UBM - União Brasileira de Mulheres
Faculdade de Informação e Comunicação / UFG
Centro Cultural Cara Vídeo
Consulta Popular
Centro de Estudos Bíblicos – CEBI
Centro Cultural Eldorado dos Carajás
Movimento Nacional da População de Rua
Movimento Camponês Popular
Pastoral da Juventude do Meio Popular
Irmandade Brasileira Justiça e Paz
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra
Levante Popular da Juventude
Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil
Comissão Brasileira de Justiça e Paz – CNBB
UNMP
Central de Movimentos Populares
Comissão Pastoral da Terra – Goiás
Central Única dos Trabalhadores do Estado de Goiás
Rádio Trabalhador
Associação dos Professores da PUC – Goiás
Grupo Feminista Oficina Mulher
ONG Mulher Negra Brasileira Thalita Monteiro Maia
SINT-IFESgo – Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação da UFG, IFG, IFGoiano e Ebserh
Pessoas:
Geralda da Cunha Teixeira Ferraz – Radialista / Programa Voz da Mulher/AMC
Bruna Porto – Filósofa – Programa Voz da Mulher /AMC
Ivone Cunha – Arteterapeuta – Programa Voz da Mulher / AMC
Michely Coutinho – Sindicalista
Mayani Gontijo – Assessora de Comunicação
Maria Inês Amarante. Docente da Unila - Foz do Iguaçu
Lígia Kloster Apel, Radialista, Amarc, Brasil
Mônica Barcellos Café - assistente social
Vilma de Fátima Machado (NDH e PPGIDH/UFG)
Dila Resende - Secretaria estadual do PCdoB GO
Andre Nascimento - UNEGRIO GO
Michele Cunha Franco (FCS e NDH)
Maria Ângela De Ambrosis Pinheiro
Joana Abreu Pereira de Oliveira - EMAC-UFG Renata Linhares - ESEFFEGO /UEG e Professora da SME
Natássia Duarte Garcia Leite de Oliveira. Professora da UFG/Emac.
Claudia Zanini, Professora da EMAC/UFG
Ivone Garcia Barbosa / NEPIEC/FE/UFG
Flavia Maria Cruvinel/ Profa. da EMAC/UFG Ionara Vieira Moura Rabelo, Presidenta Conselho Regional de Psicologia e Profa. Regional Goiás/ UFG
Silvana Rodrigues de Andrade - Profa EMAC/UFG
Janira Sodré Miranda - Comissão de Políticas de Igualdade Etnicorracial do IFGoias/ Núcleo de Estudos de Gênero, Raça e Africanidades-NEGRA.
Beth Fernandes - Presidente da Astral vice presidente do Conem e da CONATRAP
Roberto Nunes - jornalista/ Rádio Universitária
Denise Viola/ Rio de Janeiro /Radialista /AMARC Brasil
Taís Ladeira/ Brasília/ Jornalista / Amarc Brasil
Rose Castilhos / Rio Grande do Sul/ Jornalista Ilê Mulher
Celia Rodrigues/ Ceará/ Radialista
Prof.a. Ana Guiomar Rêgo Souza - Diretora e Presidente do Conselho Diretor da EMac
Carolina Skorupski - Assessora de Comunicação
Dra. Maria Aparecida Alves da Silva - Cida Alves, Psicóloga do Núcleo de Vigilância as Violências e Promoção da Saúde - SMS Goiânia, representante do CRP 09 Goiás e do blog Educar Sem Violência.
Prof. Magno Medeiros - FIC/NDH
Prof. Ricardo Barbosa de Lima - Programa Interdisciplinar de Pós-Graduacão em Direitos Humanos
Franscisneide Cunha - Radialista - Diretora dez Programação da Rádio Universitária
Profa. Lucia Rincón- PUC Goiás
Prof.a. Carolina Zafino Isidoro - PUC Goiás
Prof.a. Angelita Lima - Diretora da FIC
Prof.a. Noêmia Félix da Silva – PUC – Goiás
Wilmar Ferraz - Radialista/ produtor cinematográfico
Rosa Rodrigues – Radialista/ Rádio Comunitária Independência – Ceará
Laisy Moriere Cândida Assunção – Secretária Nacional de Mulheres do Partido dos Trabalhadores
Celso Araújo Filho – Terapeuta Holístico

Parlamentares:
Eduardo Suplicy - vereador - PT/SP
Adriana Accorsi – Deputada Estadual – PT-Goiás
Isaura Lemos - PC do B - Goiás
Jandira Feghali - Deputada Federal – PC do B – Rio de Janeiro
Jean Wyllys – Deputado Federal – Psol – Rio de Janeiro
Vanessa Grazziotin - Senadora - PC do B - Am


Referência Bibliográfica:

*(1) – Cultura do Estupro, artigo Observatório da Imprensa, Alexandre Marini, 31/05/2016.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

Lá vem a morte significa trabalho

Foto que ilustra matéria da Rolling Stone  de 07.06.2017 "Boogarins
lança novo disco surpresa

Plateia do show dos Boogarins na cidade de Chigado-EUA - junho/2017
Como mãe tive o privilégio de acompanhar parte do trabalho de feitura deste terceiro disco dos Boogarins​. Em uma das nossas conversas, disse ao Benke Ferraz​ que havia gostado demais da faixa "Corredor Polonês". Me identifiquei de pronto com o título da música, porque lembrei da minha adolescência e de um episódio que me fez conhecer o significado da palavra "lealdade" *.

Ouvi a música várias vezes, sentindo o som que ressalta o tum tum  grave e ritmado do baixo, o tin tin dos pratos da bateria e o tan tan de uma das guitarras. Ao fundo,  solo da 2ª guitarra. A voz inconfundível do Dinho e uma sensação boa de querer caminhar, voar, levitar! Coisa louca. Coisa linda.

Conhecer a história estes "mininus",  como costumo chamá-los,  só nos enchem de orgulho! Gosto de pensar que nossos filhos são uma versão aperfeiçoada da nossa existência. Admiro o espírito desbravador e a forma como conduzem a banda e a carreira. Contra todos os prognósticos, meio que como a história dos sapinhos surdos, que  sem escutar aqueles que achavam que seria impossível alcançar seus objetivos, eles persistiram e chegaram ao topo.  Assim tem sido os Boogarins, tem feito história. Uma história bonita cheia de ineditismo em todos os aspectos.

Orgulhosa como toda "mãe" coruja, mas também porque sendo comunicadora/radialista/jornalista/assessora de comunicação, buscando mostrar e dar visibilidade a segmentos sociais invisibilizados, me pego admirando a capacidade que a banda tem de interagir com esta plataforma digital/ multimídia, fazendo muito, a partir das ferramentas disponíveis, com os recursos possíveis, sem nenhum grande empreendimento, ou nenhum grande projeto terceirizado que os sustente, O mérito é deles. Do talento, mas acima de tudo do suor e de suas persistências. O que me faz ter a certeza que a estrada trilhada por eles está cada vez maior e mais estruturada.

Recomendo a audição completa do 3º disco. Porque entendo que uma faixa vai integrando na outra, cada uma vai se ressignificando. Lá vem a morte, a primeira faixa se faz presente ao longo do disco e tenho certeza que quem a houve no início, quando chega no final, tem outra impressão, lhe dá um novo significado. A totalidade do que traz o terceiro disco demonstra o cuidado e o primor com a produção e finalização de " Lá vem a morte".

A aura da banda reflete luz e boas energias que impressiona!

*  Explico: fui polpada por um colega, que se negou a me denunciar para a diretora, durante a brincadeira do corredor polonês.

Disco novo "Lá vem a morte!




quarta-feira, 24 de maio de 2017

Baleia Azul 1ª parte



O projeto Multimídia, Se Orienta, trabalhando com o aparelho de telefone celular como recurso pedagógico, traz hoje o vídeo experimental feito a partir de uma Roda de Conversa com alunas e alunos do 9º ano, sobre o tema Jogo da Baleia Azul, automutilação e suicídio.  Hoje vai ao ar a 1ª parte do vídeo, oportunidade para conhecermos o universo dos adolescentes no mundo atual> Na próxima quarta-feira(31), postaremos a 2ª parte da Roda de Conversa, em que os próprios adolescentes sugerem formas de enfrentar tal problema.

quinta-feira, 9 de março de 2017

Nenhum direito a menos

Artigo publicado no jornal O Popular, edição de hoje!

Greve Geral Internacional das Mulheres


Artigo de opinião publicado no jornal Diário da Manhã, do dia 09 de março de 2017.

quinta-feira, 2 de março de 2017

O Bom Pastor

Nasci, cresci e professo a fé Católica. Difícil admitir isto já adulta, depois das experiências acadêmicas e do mundo,  quando todos os dogmas são questionados  e nos vemos descrentes. Tive, no entanto, na minha adolescência e juventude a sorte de conhecer e conviver com pessoas que professavam uma  Igreja de gente. Sim de gente! De gente que convive e acolhe todo o tipo de gente. Pessoas que de fato, fizeram opção pelos pobres, pelos marginalizados, pelos excluídos.

Cresci assistindo e participando de encontros que rezavam e cantavam e praticavam a fé através da luta. Nunca vou me esquecer do VI Encontro Eclesial de Base, que aconteceu em Trindade, no ano de 1986. Convidada por um amigo e professor, Virgílio, que cuidava de toda a estrutura do Som, sai de Goiânia direto para o ginásio de Trindade, onde acontecia o encontro e encontravam centenas de pessoas, de todo o Brasil, reunidos para refletir sobre com o tema: Cebs, povo de Deus em busca da terra prometida. Foi lá que comecei a me interessar pelo movimento dos Sem Terra. Homens e mulheres, agricultores davam significado ao seu culto através de suas ferramentas de trabalho, de sua música, de sua vestimenta, de seus instrumentos. Quanta alegria, quanta esperança juntas! Misturados com eles, padres, bispos, muita gente que eu só conhecia pelas leituras feitas. Lembro-me que diante da multidão, buscar lugar privilegiado para poder ver e ouvir Leonardo Boff, D. Pedro Casaldáliga, Frei Betto, D. Tomás, D. Antônio.

Hoje, quando estive na Catedral para prestar minhas homenagens a este homem que aprendi a respeitar, vendo tantas pessoas, de tantos lugares, uns de igreja, outros da universidade,  do trabalho, de movimentos sociais, uns gente boa, outros nem tanto, percebi que D. Antônio, mesmo tendo renunciado ao cargo de arcebispo de Goiânia há 15 anos, fez história e está presente. Foi o bom pastor que guiou e cuidou de suas ovelhas com sabedoria, amor e humildade. Era visível nos olhares consternados, na reverência, na tristeza de cada um que se aproximava do corpo para fazer sua oração e despedir, o pesar e o sentimento de que alguém muito querido estava partindo.

Tive a certeza que mais que acreditar na fé invisível e na promessa do reino dos céus, o que me faz continuar firme nas minhas convicções cristãs, são os exemplos de homens e mulheres que abdicam de si para viver pelos outros com a honestidade da alma, sem usar do status para usufruir de poder. Dom Antônio, conhecido como o Conciliador, o profeta da Bengala(referência objeto que usava, pela sequela que tinha na perna, consequência de um acidente), aquele que tinha como lema a unidade, a união da igreja,  que esteve no Concílio II e  fez a opção pelos pobres, que semeou e que soube agregar, somar na diversidade. Pessoas assim, são imprescindíveis, pois nos ensinam a ter fé na vida.

O bom pastor fez sua passagem e deixou órfãos centenas de pessoas que tinham nele o exemplo a ser seguido. D. Antônio certamente vive! Viva D. Antônio!

PS.: Pedi a amiga Antonieta De Sant'anna a permissão para ilustrar o texto com esta foto feita por ela, tão simbólica: D. Tomás Balduíno, D. Pedro Casaldáliga, D. Antônio e monge Felipe Ledet. Os profetas da Esperança!!!