sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O ataque do quero-quero no dia das crianças

O ataque do quero-quero no dia das crianças
            Ultimamente os feriados tem sido mais prazerosos do que em outras épocas, quando tinha que dividi-los com os trabalhos nos plantões.
           Dia 12 de outubro. Feriado em homenagem às crianças e a Nossa Senhora Aparecida - padroeira do Brasil. Bom demais acordar depois das 8 horas da manhã com aquela sensação de descompromisso, nada pra fazer e vontade de curtir preguiça. Bom demais!
           Depois de tomar um café preto e comer pão de queijo amanhecido, resolvi me arrumar para uma caminhada. Como não podia deixar de ser,  saí bem colorida de casa: blusa amarela, short preto e tênis azul piscina. O feriado me possibilita até isto. Não ter a necessidade de me vestir de acordo com os padrões politicamente corretos, tudo combinando!
          Saí rumo a uma praça nas proximidades de minha casa. Aliás um espaço maravilhoso. A pista para caminhada circunda uma mata num total de aproximadamente mil e trezentos metros quadrados. Este pedacinho de natureza abriga inúmeras espécies de plantas e animais. O prazer de caminhar se torna maior com o canto das cigarras, dos bem-te-vis, com o assobio do vento batendo nas folhas das imensas árvores, muitas delas bem altas e exuberantes, que se impõem sem nem desconfiar que são presas fáceis dos homens. Com o toc-toc do bico do pica-pau nos troncos das árvores, com os voos majestosos dos tucanos e barulhentos das maritacas. A caminhada se torna um colírio para os olhos neste período do ano, durante a primavera. A mata com um verde intenso é intercalada com os ipês em floração. Gente, lindo demais!
          Mas voltando ao início da minha caminhada. Logo me deparei com o pio das corujas. Virei os olhos a minha esquerda e vi um casal dessas aves. Tranquilas como tivessem dando adeus a noite que acabara e desejando - Bom dia! -  ao sol que chegava meio tímido, escondido entre as nuvens. Já na terceira volta em torno da mata, fui surpreendida por uma ave de porte pequeno, penagem cinza, com um topete à Neymar e olhos vermelhos passeando no campo, próximo a pista e que de repente começou a voar em minha direção. Fiquei paralisada! Quando estava bem perto, como um avião das forças armadas fazendo piruetas,   ela desviou e voou longe. Eu continuei caminhando, mas sem perdê-la de vista. Depois de voar para as proximidades, acima das casas, ela voltou novamente,  voando rapidamente em minha direção. De novo, desviou quando chegou perto de mim e mais uma vez ela se exibiu, como se eu tivesse feito alguma coisa, ameaçando seu espaço! Pessoas que estavam próximas começou a observar e eu sem saber o que fazer, com medo de ser atingida com suas bicadas, me restringi a bater palmas e dizer a ela: - Por que quer me atacar? Percebi que a medida que fui me afastando do lugar em que ela me avistou pela primeira vez, ela parou de voar e ficou me observando. 
          A minha blusa amarela foi com certeza o objeto que lhe chamou a atenção, mas havia um motivo para que a ave agisse daquela forma. Já em casa comentei com o meu companheiro o acontecido. achando graça da atitude da ave que eu pensava ser  uma seriema.  - Olha pela descrição está mais para quero-quero e o que ela estava fazendo era proteger o seu ninho, já que costuma fazê-lo em áreas de campos abertos. E não é que ele tem razão! Ao pesquisar sobre as características do quero-quero, uma delas é de ficar próximo ao seu ninho protegendo os ovos e se alguém ou algum animal se aproxima, a fêmea do quero-quero ataca com voos rasantes.
           Bendita blusa amarela que me possibilitou ter contato tão próximo,  numa situação tão peculiar que proporcionou situações e sensações numa despretenciosa manhã de feriado. Coisa de criança criada em cidade, que só tinha contato com a vida no campo quando ia para a casa dos tios.



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