quinta-feira, 9 de março de 2017

Nenhum direito a menos

Artigo publicado no jornal O Popular, edição de hoje!

Greve Geral Internacional das Mulheres


Artigo de opinião publicado no jornal Diário da Manhã, do dia 09 de março de 2017.

quinta-feira, 2 de março de 2017

O Bom Pastor

Nasci, cresci e professo a fé Católica. Difícil admitir isto já adulta, depois das experiências acadêmicas e do mundo,  quando todos os dogmas são questionados  e nos vemos descrentes. Tive, no entanto, na minha adolescência e juventude a sorte de conhecer e conviver com pessoas que professavam uma  Igreja de gente. Sim de gente! De gente que convive e acolhe todo o tipo de gente. Pessoas que de fato, fizeram opção pelos pobres, pelos marginalizados, pelos excluídos.

Cresci assistindo e participando de encontros que rezavam e cantavam e praticavam a fé através da luta. Nunca vou me esquecer do VI Encontro Eclesial de Base, que aconteceu em Trindade, no ano de 1986. Convidada por um amigo e professor, Virgílio, que cuidava de toda a estrutura do Som, sai de Goiânia direto para o ginásio de Trindade, onde acontecia o encontro e encontravam centenas de pessoas, de todo o Brasil, reunidos para refletir sobre com o tema: Cebs, povo de Deus em busca da terra prometida. Foi lá que comecei a me interessar pelo movimento dos Sem Terra. Homens e mulheres, agricultores davam significado ao seu culto através de suas ferramentas de trabalho, de sua música, de sua vestimenta, de seus instrumentos. Quanta alegria, quanta esperança juntas! Misturados com eles, padres, bispos, muita gente que eu só conhecia pelas leituras feitas. Lembro-me que diante da multidão, buscar lugar privilegiado para poder ver e ouvir Leonardo Boff, D. Pedro Casaldáliga, Frei Betto, D. Tomás, D. Antônio.

Hoje, quando estive na Catedral para prestar minhas homenagens a este homem que aprendi a respeitar, vendo tantas pessoas, de tantos lugares, uns de igreja, outros da universidade,  do trabalho, de movimentos sociais, uns gente boa, outros nem tanto, percebi que D. Antônio, mesmo tendo renunciado ao cargo de arcebispo de Goiânia há 15 anos, fez história e está presente. Foi o bom pastor que guiou e cuidou de suas ovelhas com sabedoria, amor e humildade. Era visível nos olhares consternados, na reverência, na tristeza de cada um que se aproximava do corpo para fazer sua oração e despedir, o pesar e o sentimento de que alguém muito querido estava partindo.

Tive a certeza que mais que acreditar na fé invisível e na promessa do reino dos céus, o que me faz continuar firme nas minhas convicções cristãs, são os exemplos de homens e mulheres que abdicam de si para viver pelos outros com a honestidade da alma, sem usar do status para usufruir de poder. Dom Antônio, conhecido como o Conciliador, o profeta da Bengala(referência objeto que usava, pela sequela que tinha na perna, consequência de um acidente), aquele que tinha como lema a unidade, a união da igreja,  que esteve no Concílio II e  fez a opção pelos pobres, que semeou e que soube agregar, somar na diversidade. Pessoas assim, são imprescindíveis, pois nos ensinam a ter fé na vida.

O bom pastor fez sua passagem e deixou órfãos centenas de pessoas que tinham nele o exemplo a ser seguido. D. Antônio certamente vive! Viva D. Antônio!

PS.: Pedi a amiga Antonieta De Sant'anna a permissão para ilustrar o texto com esta foto feita por ela, tão simbólica: D. Tomás Balduíno, D. Pedro Casaldáliga, D. Antônio e monge Felipe Ledet. Os profetas da Esperança!!!