Geralda
Ferraz – Radialista / Assessora de Comunicação / Presidente da AMC e integrante
do Comitê de Direitos Humanos Dom Tomás Balduíno
De uns tempos para cá,
ter direito a ter direitos passou a ser visto como coisa de pessoas da pior
espécie, bandidos! Os Direitos Humanos têm sido execrados até mesmo nos espaços
em que deveriam ser legitimados! Ao
analisar quem está ocupando cargos nas comissões parlamentares, secretarias
ligadas as temáticas dos Direitos Humanos por este Brasil a fora, a relação que
se faz é a mesma da fábula “A raposa e o galinheiro”.
Os direitos humanos na
história da humanidade significa a luz no fim do túnel para aquela pessoa que
está no limiar da sobrevivência digna e da morte em vida. Hoje sistematizada na Declaração Universal dos
Direitos da Pessoa Humana (1948), eles significam a garantia de vida das
pessoas nas condições mais vulneráveis.
Na nossa sociedade
midiatizada, convertida a uma lógica fundamentalista de certo e errado, céu e inferno, passamos a ficar indiferentes a tudo
que não seja culturalmente permitido.
Estamos ficando cegos a realidade para além dos muros da hipocrisia. Esta lógica perversa
é um risco para a continuidade da vida social porque normatiza, naturaliza e desumaniza. Funciona assim: se a pessoa não pensa e não
age como você, ela deve ser vista como sua inimiga. Se não estiver dentro dos
parâmetros teocráticos cristãos pentecostais, ela está condenada ao inferno. Impensáveis
outros modelos de família! Se a violência atinge mais a classe empobrecida e
principalmente mulheres, negros, pessoas em situação de rua, LGBTTs, é porque deus quis assim! Porque vivem em pecado!
E através destes conceitos rasos, dia caminhando para um modelo de sociedade
baseado na intolerância, que não admite a diferença e que justifica qualquer
atitude criminosa nos princípios em que estão fundamentados. Em uma ética que
não prevê a dignidade humana, mas a crença em um deus que honra quem o segue e
castiga quem pensa e age diferente! Tal
lógica reducionista é oposta inclusive, a lógica do maior defensor dos fracos e
oprimidos, Jesus Cristo!
Nesta lógica de
inversão de valores, não há espaço para os princípios fundamentais dos Direitos
Humanos que incluem o direito à vida e à liberdade! No dia 10 de dezembro, dia
da Declaração Universal dos Direitos Humanos, não há o que comemorar! O desafio
é refletir e compreender o que está por
traz de cada retrocesso e de cada perda de direitos. Denunciar cada ato, cada
violência sofrida, num exercício de RESISTÊNCIA.