segunda-feira, 7 de novembro de 2016

“Feminismo, uma outra palavra para igualdade”

Geralda Ferraz

O movimento feminista continua atual e necessário. Suas bandeiras não são restritas a uma meia dúzia de mulheres, ao contrário, tem um alcance planetário, pois onde há desigualdade entre mulheres e homens, onde há violência de gênero, é preciso que haja pessoas dispostas a lutar pela superação da cultura machista e do sofrimento que as mulheres estão expostas. Malala Yousafza, jovem ganhadora do prêmio Nobel da Paz no ano de 2014, traduziu bem a extensão do termo feminismo: feminismo é uma outra palavra para igualdade, disse ela. Todas as pessoas, mulheres e homens que lutam pela igualdade, pela justiça,  podem se autodefinir feministas.

Queremos igualdade. Somos  mulheres do século XXI, ainda presas às desigualdades, fundamentadas sobretudo, na condição de gênero!  Ao nascer mulher, uma realidade nos é colocada. A desigualdade de direitos. Mesmo gerações de mulheres que nos antecederam tenham lutado para mudar as nossas vidas, nós ainda hoje, convivemos com desigualdades que nos são caras.

As  mulheres nos espaços de poder, a presença das mulheres em instâncias convencionalmente destinadas aos homens, a valorização da mulher no mercado de trabalho com remuneração igual para a realização de atividades iguais exercidas pelo sexo oposto e os altos índices de violência doméstica, são ainda desafios a serem enfrentados por nós  mulheres do século XXI.

Lutar pelos direitos das mulheres não deve ser prerrogativa só das mulheres, mas também dos homens. Importante perceber que mulheres e homens são iguais em direitos e deveres e que os homens podem sim, dividir tarefas, compartilhar momentos de prazer, descanso e que o fato de reconhecerem tais situações, não fará deles inferiores, nem serão menos homens! Por outro lado, as mulheres não devem se sucumbir às condições impostas de repetição do modelo de submissão, patriarcal. É difícil, nem sempre nos damos conta que nossa atitude frente aos  nossos companheiros só reforça o machismo e dificulta a nossa liberdade de pensar, agir e ser. 

Tais desafios não deveriam estar atrelados à luta das mulheres, uma vez que, toda a sociedade perde com as desigualdades impostas a elas. Na relação de poder do homem sobre a mulher , quando há um desequilíbrio de direitos e o homem se sobrepõem  pela força, pelo egoísmo, pelo simples fato de ser homem, podemos perceber o quanto perde a sociedade. São famílias inteiras que sofrem às conseqüências dos abusos e da violência. São filhos que crescem desestruturados e repetem o modelo aprendido desde pequeno, num ciclo vicioso, triste e que só colabora para os números de  pessoas desajustadas em nossa sociedade.

Existe um problema que é mais pernicioso nesta lógica das desigualdades entre mulheres e homens. Na nossa sociedade ainda nos deparamos com mulheres que vivem numa condição de total dependência, a principal delas a econômica, que  torna impossível falar e exigir que exerçam o poder de decisão. Essas são uma grande parcela da população que vive na sombra, enfrentam todo o tipo de violência e não conseguem sair dela, porque os mecanismos estatais não lhes garantem estrutura suficiente para terem esperança de uma vida melhor. A opção que têm é viver sob a tutela de seus agressores, para poderem cuidar de suas crias.

Neste  08 de março, Dia Internacional das Mulheres,  devemos chamar mulheres e homens à uma reflexão simples, de muita profundidade: Não podemos nos fechar a dogmas e preconceitos que não percebam a real condição das mulheres. Precisamos sim, conhecer e saber as raízes dos problemas sociais brasileiros e conhecendo, lutar pela garantia de seus direitos. A superação das desigualdades sociais passa com certeza, pela superação das desigualdades entre mulheres e homens.


Geralda Ferraz – É militante do movimento de Mulheres e Assessora de Comunicação

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