Geralda Ferraz
O movimento feminista continua atual e necessário.
Suas bandeiras não são restritas a uma meia dúzia de mulheres, ao contrário,
tem um alcance planetário, pois onde há desigualdade entre mulheres e homens,
onde há violência de gênero, é preciso que haja pessoas dispostas a lutar pela
superação da cultura machista e do sofrimento que as mulheres estão expostas. Malala
Yousafza, jovem ganhadora do prêmio Nobel da Paz no ano de 2014, traduziu bem a
extensão do termo feminismo: feminismo é uma outra palavra para igualdade,
disse ela. Todas as pessoas, mulheres e homens que lutam pela igualdade, pela
justiça, podem se autodefinir
feministas.
Queremos igualdade. Somos mulheres do século XXI, ainda presas às
desigualdades, fundamentadas sobretudo, na condição de gênero! Ao nascer mulher, uma realidade nos é
colocada. A desigualdade de direitos. Mesmo gerações de mulheres que nos
antecederam tenham lutado para mudar as nossas vidas, nós ainda hoje, convivemos
com desigualdades que nos são caras.
As mulheres
nos espaços de poder, a presença das mulheres em instâncias convencionalmente
destinadas aos homens, a valorização da mulher no mercado de trabalho com
remuneração igual para a realização de atividades iguais exercidas pelo sexo
oposto e os altos índices de violência doméstica, são ainda desafios a serem
enfrentados por nós mulheres do século
XXI.
Lutar pelos direitos das mulheres não deve ser
prerrogativa só das mulheres, mas também dos homens. Importante perceber que mulheres
e homens são iguais em direitos e deveres e que os homens podem sim, dividir
tarefas, compartilhar momentos de prazer, descanso e que o fato de reconhecerem
tais situações, não fará deles inferiores, nem serão menos homens! Por outro
lado, as mulheres não devem se sucumbir às condições impostas de repetição do
modelo de submissão, patriarcal. É difícil, nem sempre nos damos conta que
nossa atitude frente aos nossos
companheiros só reforça o machismo e dificulta a nossa liberdade de pensar,
agir e ser.
Tais desafios não deveriam estar atrelados à luta
das mulheres, uma vez que, toda a sociedade perde com as desigualdades impostas
a elas. Na relação de poder do homem sobre a mulher , quando há um
desequilíbrio de direitos e o homem se sobrepõem pela força, pelo egoísmo, pelo simples fato
de ser homem, podemos perceber o quanto perde a sociedade. São famílias
inteiras que sofrem às conseqüências dos abusos e da violência. São filhos que
crescem desestruturados e repetem o modelo aprendido desde pequeno, num ciclo
vicioso, triste e que só colabora para os números de pessoas desajustadas em nossa sociedade.
Existe um problema que é mais pernicioso nesta
lógica das desigualdades entre mulheres e homens. Na nossa sociedade ainda nos
deparamos com mulheres que vivem numa condição de total dependência, a
principal delas a econômica, que torna
impossível falar e exigir que exerçam o poder de decisão. Essas são uma grande
parcela da população que vive na sombra, enfrentam todo o tipo de violência e
não conseguem sair dela, porque os mecanismos estatais não lhes garantem
estrutura suficiente para terem esperança de uma vida melhor. A opção que têm é
viver sob a tutela de seus agressores, para poderem cuidar de suas crias.
Neste 08 de
março, Dia Internacional das Mulheres, devemos
chamar mulheres e homens à uma reflexão simples, de muita profundidade: Não
podemos nos fechar a dogmas e preconceitos que não percebam a real condição das
mulheres. Precisamos sim, conhecer e saber as raízes dos problemas sociais
brasileiros e conhecendo, lutar pela garantia de seus direitos. A superação das
desigualdades sociais passa com certeza, pela superação das desigualdades entre
mulheres e homens.
Geralda Ferraz – É militante do movimento de
Mulheres e Assessora de Comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário