quinta-feira, 8 de março de 2012

Coragem, Poder e Liberdade

            Tarefa difícil esta de ser mulher em uma sociedade como a nossa, fundamentada em valores machistas. Mesmo diante de todas as conquistas e avanços, vira e mexe têm pessoas querendo demonstrar força e desqualificar; falar mais alto e fazer prevalecer o que na visão deles é o politicamente correto.
            Às vésperas da data que simboliza a luta das mulheres, a chegada da ministra Eleonora Menicucci, na Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, reacendeu a ira oportunista dos conservadores que habitam o Congresso Nacional, trazendo a tona os princípios e convicções da ministra a respeito do aborto, como argumento para desqualificá-la para o cargo que acaba de assumir. Misturam alhos com bugalhos.         
           Curioso é que estes mesmos representantes, hora nenhuma colocam em discussão a realidade de pobreza, violência e desigualdade, que cerca a mulher brasileira. A eles não interessa discutir as altas taxas de mortalidade materna, a prostituição infantil, a gravidez precoce. Não interessa aos nossos excelentíssimos de-putados discutir políticas públicas e denunciar o tráfico de mulheres, as condições indignas das encarceradas. Monitorar e cobrar a instalação de juizados especiais, como prevê a Lei Maria da Penha. Isto, nem pensar! Quanto mais destinar verbas de emendas parlamentares para a criação de casas abrigos, centros de referência!
            Será que nossos ilustres de-putados têm ideia  que as mulheres hoje representam mais de 50% da população brasileira, e são a parte mais empobrecida? Que são as mais  penalizadas? Trabalham de forma indigna, sem creches públicas para que seus filhos recebam educação e cuidado; moram em condições subumanas, sem saneamento básico, sem acesso a políticas de saúde.  Certamente não sabem que o Brasil é um dos países que ocupa as últimas posições no ranking de participação das mulheres na política!
            Por outro lado, será que nossos digníssimos de-putados já analisaram  dados de órgãos como a ONU, o IBGE demonstrando que as mulheres representam  atualmente, mais de 40% da população economicamente ativa? É provável que nunca ouviram falar de um dado grave que aponta as desigualdades nas relações de trabalho. Elas recebem em torno de 30% a menos que os homens para exercerem a mesma função.    
        Provavelmente desconhecem a importância de instituições como a ONU (Organização das Nações Unidas), UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), CEDAW (Comitê para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher) e OIT(Organização Internacional do Trabalho), que em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos são fundamentais na garantia de vida digna a todos os seres humanos. Em matéria que circulou nos principais jornais do país (15/02/2012), desqualificaram a presença da ministra Menicucci na ONU,  afirmando que a sua participação na Cedaw, seria para defender uma proposta de interesse pessoal  e não do Estado brasileiro.
            Nossos paladinos da moral e dos bons costumes, de acordo com suas convicções expressadas, mesmo diante das evidências aqui elencadas, devem pensar que a Secretaria de Políticas para Mulheres – SPM é desnecessária! Porque não conseguem dar significado a máxima “a pobreza tem cara, sexo e cor” e dessa forma não percebem a importância das políticas públicas – reivindicações antigas -  que prevêem, como bem afirmou a presidenta Dilma Rousseff em sua posse, a erradicação da pobreza.
            Nossos nobres representantes teimam em não seguir os princípios constitucionais, tanto em relação a igualdade entre mulheres e homens, quanto sobre  a laicidade do Estado. O tempo em que o direito das mulheres passavam pela vontade de mando e desmando dos homens ficou no passado. Faz-se necessário, no entanto, perseverar na luta. O Fórum Goiano de Mulheres acreditando nesta premissa prepara uma grande programação, que terá como ponto máximo a marcha das mulheres, que acontecerá no dia 08 de março, com o lema: Coragem, Poder e Liberdade, mulheres na luta por igualdade, autonomia e transformação social. A hora é agora!

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