A caça aos
eleitores começou. De fato, num processo democrático, o período eleitoral deve
ser comemorado, afinal, o momento nos faz reafirmar e garantir nossas
convicções nos princípios e valores constitucionais. É fundamental nunca esquecermos
destas conquistas, para não corrermos o risco de compactuar com ideias
equivocadas, que sem contextualizar na integralidade momentos políticos da
nossa história, diante de episódios específicos da política atual, reportam-se com
saudosismo a períodos históricos, ditatoriais que nos privavam de quase todos os
direitos. Privaram até do direito à VIDA.
Contudo, à medida que nossa
democracia avança, devemos amadurecer tanto nos conceitos, quanto nas práticas.
As práticas do voto de cabresto, da troca do voto pela botina, devem ficar
registradas nos livros de História. Também não devemos trocar nosso voto, por
favores. Desta forma os candidatos e candidatas que lançam mão de suas
experiências profissionais para legitimar suas candidaturas, precisam rever
seus conceitos. São dezenas deles que usam e abusam das prerrogativas da
profissão: é o Zé da Farmácia, o Zé da Ambulância, a Maria Enfermeira, o Zé do
Carro de Som, a Maria Parteira etc, etc. Tem candidatos, que vão além. Usam da
estrutura pública, porque já gozam de mandato parlamentar, e transformam carros
em ambulâncias, passando a fomentar o assistencialismo ao invés de usar o seu
mandato para exigir acesso à saúde para todos, como está previsto na
Constituição. É a nova roupagem, em
tempos pós-modernos, do voto de
cabresto, porque as pessoas que dependem dos serviços públicos – e elas são a
maioria – não tem como resolver os problemas de urgências – é claro que vão
ficar eternamente gratas pelos “favores”, e, a forma
de retribuição é votarem nos candidatos assistencialistas. É preciso que no
processo educativo da democracia, estas práticas sejam de fato extirpadas do
nosso meio.
Infelizmente perdemos muito tempo
criticando o uso que se faz da política, e não nos preparamos para mudarmos aquilo, que
como eleitoras e eleitores, podemos mudar. A começar pela escolha das
candidatas e dos candidatos. A ficha limpa é um importante critério, mas não é
o único. Claro que tendo acesso às informações sobre os candidatos, já que
estão disponíveis no portal do Tribunal Regional Eleitoral – TRE, é nossa
obrigação enquanto cidadã e cidadão, conhecer os que possivelmente irão nos representar. Mas
não é o único critério. Nas eleições municipais, quando escolhemos nossos
representantes para o Executivo e o Parlamento Municipal, é mais fácil
conhecermos as pessoas candidatas, porque estão mais próximas de nós.
Coerência é a palavra e o
princípio. Temos ao nosso redor um
número considerável de pessoas com as quais convivemos na nossa comunidade. Na
associação de bairros, na igreja, no
trabalho, no partido político. Eis que algumas delas são candidatas. É aí que a
palavra coerência ganha força e forma. Ao convivermos com uma pessoa é provável
que temos oportunidade de conhecer através de suas ações seu caráter, sua
honestidade, a sua coerência entre o que
fala e faz. Portanto, é o seu histórico que vai
sustentar o seu discurso enquanto candidata ou candidato. Sinceramente
uma pessoa que em sua vida cotidiana, não demonstrou trabalho efetivo e sim
discurso; uma pessoa que não colocou a mão na “massa”, se posicionando em favor
das causas sociais, ao contrário, usou de sua liderança comunitária ou partidária para fortalecer o posicionamento
político de quem ocupava cargo de poder,
não merece a confiança das eleitoras e dos eleitores. Não vale dizer que não
tinha ferramentas para lutar contra a estrutura, contra os “grandes” . Para que
nossa democracia avance devemos apostar em pessoas que de fato, sejam de luta.
As pessoas que agem de forma incoerente dependendo do momento político, pode
até ser ficha limpa, mas não tem em seu currículo coerência entre aquilo que
prega em seu discurso e aquilo que faz na sua vida e prática política. Quem
votar neste tipo de candidato(a), poderá se decepcionar!
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