terça-feira, 11 de setembro de 2012

O voto consciente



A caça aos eleitores começou. De fato, num processo democrático, o período eleitoral deve ser comemorado, afinal, o momento nos faz reafirmar e garantir nossas convicções nos princípios e valores constitucionais. É fundamental nunca esquecermos destas conquistas, para não corrermos o risco de compactuar com ideias equivocadas, que sem contextualizar na integralidade momentos políticos da nossa história, diante de episódios específicos da política atual, reportam-se com saudosismo a  períodos históricos,  ditatoriais que nos privavam de quase todos os direitos. Privaram até do direito à VIDA.

Contudo, à medida que nossa democracia avança, devemos amadurecer tanto nos conceitos, quanto nas práticas. As práticas do voto de cabresto, da troca do voto pela botina, devem ficar registradas nos livros de História. Também não devemos trocar nosso voto, por favores. Desta forma os candidatos e candidatas que lançam mão de suas experiências profissionais para legitimar suas candidaturas, precisam rever seus conceitos. São dezenas deles que usam e abusam das prerrogativas da profissão: é o Zé da Farmácia, o Zé da Ambulância, a Maria Enfermeira, o Zé do Carro de Som, a Maria Parteira etc, etc. Tem candidatos, que vão além. Usam da estrutura pública, porque já gozam de mandato parlamentar, e transformam carros em ambulâncias, passando a fomentar o assistencialismo ao invés de usar o seu mandato para exigir acesso à saúde para todos, como está previsto na Constituição.  É a nova roupagem, em tempos pós-modernos,  do voto de cabresto, porque as pessoas que dependem dos serviços públicos – e elas são a maioria – não tem como resolver os problemas de urgências – é claro que vão ficar eternamente gratas pelos “favores”, e,  a  forma de retribuição é votarem nos candidatos assistencialistas. É preciso que no processo educativo da democracia, estas práticas sejam de fato extirpadas do nosso meio.

Infelizmente perdemos muito tempo criticando o uso que se faz da política,  e não nos preparamos para mudarmos aquilo, que como eleitoras e eleitores, podemos mudar. A começar pela escolha das candidatas e dos candidatos. A ficha limpa é um importante critério, mas não é o único. Claro que tendo acesso às informações sobre os candidatos, já que estão disponíveis no portal do Tribunal Regional Eleitoral – TRE, é nossa obrigação enquanto cidadã e cidadão, conhecer  os que possivelmente irão nos representar. Mas não é o único critério. Nas eleições municipais, quando escolhemos nossos representantes para o Executivo e o Parlamento Municipal, é mais fácil conhecermos as pessoas candidatas, porque estão mais próximas de nós.

Coerência é a palavra e o princípio.  Temos ao nosso redor um número considerável de pessoas com as quais convivemos na nossa comunidade. Na associação de bairros, na  igreja, no trabalho, no partido político. Eis que algumas delas são candidatas. É aí que a palavra coerência ganha força e forma. Ao convivermos com uma pessoa é provável que temos oportunidade de conhecer através de suas ações seu caráter, sua honestidade, a  sua coerência entre o que fala e faz. Portanto, é o seu histórico que vai  sustentar o seu discurso enquanto candidata ou candidato. Sinceramente uma pessoa que em sua vida cotidiana,  não demonstrou trabalho efetivo e sim discurso; uma pessoa que não colocou a mão na “massa”, se posicionando em favor das causas sociais, ao contrário, usou de sua liderança comunitária ou  partidária para fortalecer o posicionamento político de quem  ocupava cargo de poder, não merece a confiança das eleitoras e dos eleitores. Não vale dizer que não tinha ferramentas para lutar contra a estrutura, contra os “grandes” . Para que nossa democracia avance devemos apostar em pessoas que de fato, sejam de luta. As pessoas que agem de forma incoerente dependendo do momento político,   pode até ser ficha limpa, mas não tem em seu currículo coerência entre aquilo que prega em seu discurso e aquilo que faz na sua vida e prática política. Quem votar neste tipo de candidato(a), poderá se decepcionar!