A polícia brasileira do século XXI é considerada a mais violenta do mundo (Le Monde de 18 de junho de 2020), não conseguiu superar o ranço da ditadura militar e muito menos da cultura escravocrata. Persegue e criminaliza Preto, Pobre e Prostituta. Mesmo com as tentativas de modernização e mudança de cultura, a polícia truculenta persiste. Denúncias por todo o Brasil dão conta do que vivemos: execuções sumárias de jovens da periferia, mortes por “confronto”, ainda que as cenas dos crimes apontem para execução; jovem sendo algemado e conduzido, preso em garupa de moto! Em 2019 a polícia brasileira matou seis mil pessoas, cinco vezes mais que os EUA. Tais atitudes são endossadas por muitos cidadãos de bem, que pregam que “bandido bom é bandido morto”.
Nesta lógica de polícia, a população pobre, preta e periférica sempre estará em “atitude suspeita”. Denunciar, debater e enfrentar a polícia violenta é o caminho. A Defensoria Pública de São Paulo elaborou uma cartilha em que orienta os cidadãos a registrar a ação de policiais, como forma de fiscalizar e prevenir violações de direitos humanos. Outra medida adotada pelo governo de São Paulo foi a instalação de câmeras de vídeo e gravação nos fardamentos dos policiais, o que resultou na diminuição das mortes por intervenção policial em 54%, durante os meses de maio e junho deste ano. São medidas necessárias, em que pese saber que a superação do modelo de polícia vigente passa pela superação das desigualdades e das injustiças sociais.
Publicado no jornal O Popular de 10.12.2021