terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A violência no contexto escolar

O artigo abaixo, foi escrito em parceria com a deputada Adriana Accorsi para o I Colóquio Internacional de Bullying Submerso, promovido pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, no ano de 2015. Uma reflexão sobre este sério problema que está presente no universo das escolas brasileiras.






A Violência no Contexto Escolar

Adriana Sauthier Accorsi[1]
Geralda Cunha Teixeira Ferraz
[2]


Introdução:
Levantamento feito pelo movimento Todos Pela Educação (TPE) revelou que, em 2013, o Brasil tinha 93,6% da população na faixa etária entre 4 e 17 anos cursando a Educação Básica. Esse é um indicador que aponta para o alcance do objetivo principal, a inserção de todas as crianças, adolescentes e jovens na Escola. O dado também expõe a proporção e a gravidade da violência no ambiente escolar brasileiro.
A experiência no mundo das delegacias, principalmente na que atua com a proteção da criança e do adolescente, revela a dura realidade do contexto escolar atual: a violência dentro da escola. Quais são os motivos do comportamento violento de tantos estudantes num ambiente educacional?  
Partindo do conceito de Paulo Freire, que define escola como um lugar de gente, de se criar laços, fazer amizades, de conviver, pressupõe-se que antes de ser um espaço de aprendizagem e trocas de experiências, a escola é um local onde as relações interpessoais poderiam acontecer de forma harmônica, baseada no diálogo, na comunicação e na superação de conflitos. Nesta vertente, Paulo Freire faz um convite para pensar um projeto político pedagógico centrado na construção de uma escola “séria, competente, justa,
alegre, curiosa (1991, p. 42), uma escola em que todos tenham condições de aprender e de criar, de arriscar-se, de perguntar, de crescer”




Por outro lado, a realidade tem demonstrado que a escola deixou de ser um lugar de convivência e busca de conhecimento, para ser um espaço de pouco diálogo, da intolerância e do desrespeito, marcado por atitudes de agressão de todos os modos e de todos os lados. Tais manifestações, de acordo com o Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, da OMS, caracterizam-se como atos de violência (OMS, 2002).
Uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

            Em artigo científico Rosa (2010) explica que a violência nas escolas é vista como uma questão multicausal e que demanda análises mais aprofundadas.
… justamente por sua complexidade e multiplicidade de facetas que a compreensão  do fenômeno das violências nas escolas impõe o desafio de uma ótica transdisciplinar, multidimensional e pluricausal.

            Se o objetivo central proposto hoje pelo Estado é de que todas as pessoas em idade escolar tenha acesso às escolas, é preciso estar atento a ao desafio da superação da violência no contexto escolar, o que certamente afeta sobremaneira a presença e a convivência saudável das crianças, adolescentes e jovens neste ambiente e fora dele. Não basta que todos estejam na escola, é preciso usar o espaço da escola para uma convivência saudável.

1. A escola é o reflexo privilegiado do todo social é o espelho onde tudo se projeta
A sociedade vivencia o fenômeno social assustador da violência. Ela está presente em todos os espaços sociais, de modo crescente. De acordo com pesquisa da Unesco/BID (2002), devido  à generalização do fenômeno da violência não existem mais grupos sociais protegidos, diferentemente de outros momentos históricos, mesmo que alguns tenham mais condições de buscar proteção institucional e individual. Isso demonstra que atualmente a violência não se restringe a determinados nichos sociais, raciais, econômicos e/ou geográficos. Deste modo, também está presente no ambiente escolar, com intensidade e freqüência preocupantes.
No âmbito da Segurança Pública, mais especificamente na defesa e proteção às crianças e adolescentes, a violência escolar é recorrente, tanto no que diz respeito ao trabalho policial investigativo, quanto em relação aos pedidos de ajuda oriundos das escolas, por meio dos professores, coordenadores e do grupo gestor, na expectativa de que a Polícia dê conta do problema.  Infelizmente a comunidade escolar, principalmente na rede pública de ensino, vive um clima permanente de insegurança e medo, uma vez que é no seu espaço que muitos dos problemas extramuros chegam a seu ápice.
Ao retratar essa realidade, Mirian Abramovay e Maria José Rua (2003) destacam que são muitos os tipos de violência analisados e considerados comuns.  De acordo com as autoras,  na literatura americana  que discorre sobre o tema, o olhar recai sobre gangues, xenofobia e bullying. Já na Europa, os pesquisadores têm se dedicado ao estudo das incivilidades no meio escolar e referem-se a delitos contra objetos e propriedades, intimidades físicas, descuido com o asseio das áreas coletivas e ostentação de símbolos de violência, adoção de atitudes a provocar medos e alguns atos ilícitos como porte e consumo de drogas. ( 2003, p.23)
No Brasil, a partir da década de 1980, Abramovay e Rua destacam que as pesquisas desenvolvidas sobre violência nas escolas tiveram como referência as instituições públicas de educação, associações e, em menor número, instituições privadas. Mesmo sendo incipientes, por focarem na grande maioria situações regionais ou localizadas, os resultados obtidos apontam que, na década de 80, os principais tipos de violência eram ações contra o patrimônio e agressões interpessoais. Na década de 90 aumenta a preocupação com a violência no âmbito escolar com ênfase na presença do narcotráfico, na exclusão social e na presença de gangues. Novamente, percebe-se que o problema da desigualdade social integra as causas da violência escolar no nosso país.
Minayo (2013) diz que os atos de violência podem ser reconhecidos em quatro modalidades de expressão, denominadas de abusos ou maus-tratos. São elas: física, psicológica, sexual e envolvendo negligência, abandono ou privação de cuidados.
O contato do policial em seu trabalho investigativo com crianças, adolescentes e suas famílias explicita as modalidades descritas por Minayo, como conseqüências de problemas anteriores. Assim, durante investigações nos espaços escolares, se chega a mesma conclusão. A violência escolar é, na verdade, um grito de socorro de crianças, adolescentes e jovens e até mesmo de adultos, que clamam por ajuda em razão de não identificarem e/ou não saberem expor suas dores, que na maioria das vezes têm suas raízes em problemas familiares, extramuros.
Em Goiânia, a Polícia Civil, a Guarda Civil Metropolitana e a Polícia Militar mantêm programas preventivos destinados às crianças, adolescentes e jovens. O programa Escola Sem Drogas da Polícia Civil tem como público, alunos do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, são adolescentes entre 12 e 18 anos. Em 2012, com 19 anos de atuação, o programa tinha alcançado mais de 232 mil alunos. Já o programa Anjos da Guarda, criado no ano de 2013, alcança crianças de 4 até 12 anos incompletos. Em pouco mais de um ano, mais de seis mil crianças e alunos foram atendidas.
Qual o objetivo de instituições da Segurança Pública em realizar trabalhos preventivos acerca das drogas com crianças, adolescentes e jovens? A prevenção é uma das saídas para que essas pessoas não se voltem para o mundo marginal, tornando-se, no futuro, alvo de repressão da polícia.  
Nenhuma pesquisa foi realizada sobre esses programas preventivos, que explicite quais são as principais queixas dos educadores, quando reivindicam a presença policial nas escolas, mas policiais, guardas civis e demais educadores envolvidos nos respectivos programas são unânimes em afirmar que é recorrente as solicitações virem acompanhadas de reclamações em relação ao comportamento violento dos alunos.  Geralmente, os relatos dizem respeito a alunos indisciplinados com históricos de envolvimento com drogas e famílias desestruturadas.





A escola é o espaço em que as crianças, adolescentes e jovens vão buscar conhecimentos, sobretudo é o espaço em que se aprende a conviver, baseado nos princípios trazidos da casa, construídos na família. Diante das mudanças sociais que vivemos e da falta de políticas públicas que possibilitem condições dignas de vida às famílias empobrecidas, todo o descontrole e a falta de princípios familiares e valores humanos, também se refletem na escola.
Para Rosa, a falta de políticas públicas agrava tais manifestações.

 “Fatores de desigualdade social como a  miséria, o desemprego, a falta de oportunidades para os jovens e a presença insuficiente ou inadequada do Estado fazem aumentar as manifestações de violência no país. Entretanto, não se trata de um fenômeno circunscrito a fatores estruturais de ordem sócio-econômica. Em razão disso, a violência deve ser entendida no âmbito cultural e psicossocial dos indivíduos, dos grupos e da sociedade. Enquanto Instituição, a escola, sofre os reflexos dos fatores de violência externos que têm gerado conflitos manifestados dentro da sala de aula, comprometendo o aprendizado e as relações interpessoais’’. (2010,p.148)

O fenômeno da violência na escola é o reflexo do que as crianças, adolescentes e jovens vivem em suas famílias. A falta de princípios, de limites, de perspectivas de futuro, o culto ao descartável, a inversão entre do ser pelo ter são elementos que colaboram para que a violência também seja institucionalizada e banalizada no universo escolar. A jornalista Bárbara Reis, em editoral para a publicação Público (2015), traduz bem esta realidade: “ a escola é o reflexo privilegiado do todo social é o espelho onde tudo se projeta, sem hipótese de fuga à realidade por mais cruel e inconveniente que seja essa exposição”.
Para Abramovay e Rua (2002),  todas as causas expostas acima, que provocam a violência nas escolas,  são conhecidas como variáveis endógenas e exógenas,  aspectos relativos tanto ao interior quanto ao exterior das escolas.
Entre os aspectos externos ou variáveis exógenas estão questões de gênero, relações étnico raciais, situações familiares, influência dos meios de comunicação e o espaço social das escolas (o bairro, a sociedade) (p.24).




Já entre os aspectos internos ou variáveis endógenas, considera-se a idade, a série e/ou o nível de escolaridade dos estudantes; as regras e a disciplina dos projetos pedagógicos das escolas, assim como o impacto do sistema de punições; o comportamento dos professores em relação aos alunos e prática educacional em geral.
Abramovay e Rua (2002) acreditam que a tendência sobre os estudos da violência escolar é no sentido de identificar variáveis ou fatores relacionados, pois não é possível ser um único fator, a possível causa ou antecedente que a potencializa. Prefere-se identificar conjuntos ou ambientes favoráveis a violência (p.25).
Por isso, além de enfoques multidimensionais, as autoras acima defendem, a importância de abordagem transdisciplinar, com a contribuição da sociologia, da ciência política, da psicologia, das ciências da educação e da justiça criminal. Elas acreditam ser consenso o reconhecimento da vulnerabilidade negativa da escola, diante de distintos processos contemporâneos, em particular as exclusões sociais, a atitude do poder público para com a educação e a perda de prestígio e de poder aquisitivo pelos professores.  Tal vulnerabilidade sustenta a perda da legitimidade como lugar de produção e transmissão de saberes. De acordo com as autoras,  embora os fatores externos tenham impacto e influência sobre a violência escolar, é preciso tomar cuidado com o fato de que, dentro da própria escola, existem possibilidades de lidar com as diferentes modalidades de violência e de construir culturas alternativas pela paz, adotando estratégias  e capital da própria escola.
As possibilidades da construção de culturas alternativas pela Paz existem e no Brasil muitas delas têm se consolidado, a partir dos mecanismos de defesa dos direitos, previstos na Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã. A universalização da Educação Infantil, que possibilita as crianças de 0 a 5 anos estarem matriculadas em Centros Municipais de Educação;  a lei que torna obrigatório o ensino da história dos




nossos ancestrais indígenas e africanos, possibilitando os alunos a conhecerem sua própria história e colaborando no debate contra a discriminação e o racismo; e a democratização do processo de escolha dos gestores escolares, são ações efetivadas a partir da Carta Magna que possibilitam enxergar uma luz no fim do túnel e acreditar em um espaço escolar mais humano, menos violento.
Carvalho (2002) porém, critica os valores do capitalismo na perspectiva de aquisição da cidadania:
“Que o mal que atrasa o avanço democrático através da cidadania são os reflexos adquiridos pelos valores do capitalismo, sobretudo a cultura consumista, que reivindica uma desigualdade vazia e abstrata em detrimento da desigualdade social de fato. Esse fato agregado à incapacidade do sistema representativo de produzir resultados que impliquem na redução da desigualdade solidifica a sociedade brasileira divida conforme a educação, a renda e cor”. (p.229)
Significa dizer que, ainda que haja alguns mecanismos previstos na Constituição na perspectiva de atuar, para que a violência no âmbito escolar seja instinto, ou pelo menos tenha mecanismo para trabalhar tal fenômeno, sem políticas que impliquem na redução da desigualdade social, os conflitos e a violência escolar permanecerão.
 Mesmo que a violência escolar tenha causas diversas, não se pode perder de vista, a necessidade de pensar e construir alternativas para uma cultura de paz nas escolas; tal medida requer um esforço coletivo a começar do poder público, assumindo seu papel em proporcionar  aos estudantes e suas famílias condições dignas de vida e de formação educacional. Desta forma, será possível pensar a redução da desigualdade social, conforme reflete Carvalho (2002) ao entender que a cidadania perpassa pela aquisição de uma vida digna, com moradia, saúde, trabalho e educação. E só então uma nova realidade se refletirá em crianças, adolescentes e jovens mais saudáveis e menos desestruturados, o que certamente refletirá positivamente no ambiente escolar e na superação da violência.



As iniciativas criadas por este Brasil afora vindas de todas as partes, com o objetivo de colaborar na formação desta nova geração, buscando prevenir, e levando a possibilidade de uma vida com qualidade, longe de tudo que lembre e gere sofrimento, injustiça, morte, são bem-vindas e colaboram para um trabalho com maior alcance do poder público.
            Iniciativas como os programas preventivos Anjos da Guarda, Escola sem Drogas, Proerd, podem significar para as famílias, para os educadores, mas fundamentalmente para as crianças, adolescentes e jovens a possibilidade de uma vida sem violência, pautada no respeito às diferenças, no amor entre as pessoas.       
            Finalmente explicitar as várias formas da violência escolar e em que circunstâncias ela ocorre, é um primeiro passo para repensar as instituições sociais, o modelo de sociedade em que as crianças, adolescentes e jovens estão sendo educados ou des-educados, bem como a qualidade dos serviços realizados pelo poder público.  É possível que ao dar o primeiro passo, também dê início a superação do fenômeno da violência escolar.















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS     

  1. Freire, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Editora Cortez, 1991.
  2. Reis, Bárbara. Editorial da revista Público, disponível no site www.publico.pt, abril de 2015.
  3. Carvalho, José Murilo. Cidadania no Brasil,  Ed. Saraiva, 2014.  
  4. Revista Ciência e Saúde Coletiva. Publicação de pesquisa de alunos de pós-graduação da UEFS:  O perfil da violência contra crianças e adolescentes, segundo os Conselhos Tutelares. Universidade Estadual de Feira de Santana.  Feira de Santana, 2007.
  5. Klasura Fabiane; Inês Maria. Universidade Federal de Santa Catarina. Artigo científico: O impacto da violência doméstica contra crianças e adolescentes na vida e na aprendizagem. UFSC,  2006.
  6. Dados disponíveis no site: www.todospelaeducacao.org.br/sala-de-imprensa/releases/32460/brasil-tem-936-das-criancas-e-jovens-de-4-a-17-anos-na-escola/, 2013.
  7. Rosa, Maria José Araujo.  Artigo publicado pela Itabaiana: GEPIADDE. Violência no ambiente escolar: Refletindo sobre as conseqüências para o processo ensino. Ano 4, Volume 8, jul-dez de 2010.
  8. Minayo, Maria Cecília de Souza. Relatório - Impactos da Violência na Saúde. Conceitos, teorias e tipologias de violência: a violência faz mal à saúde , 2013.
  9. Abramovay , Mirian; Ruas, Maria das Graças.Violência na Escola. UNESCO, REDE PITÁGORAS, 2002.





[1]  Adriana Sauthier Accorsi é deputada estadual, delegada de polícia, especialista em segurança pública e ciências criminais
[2]  Geralda Cunha Teixeira Ferraz é assessora de comunicação, especialista em comunicação pública e assessoria de comunicação e escrivã de polícia

domingo, 27 de novembro de 2016

Fidel, Cuba e os outros

Desde ontem(26) as redes sociais não param de repercutir a morte de Fidel Castro. De tudo já ouvi e li sobre a inegável figura do líder cubano, nestes últimos dois dias. Fiquei a refletir sobre as postagens de pessoas que tentam desqualificar o legado deixado por ele, se apegando ao fato de estar à frente da Ilha há mais de 47 anos, significando a falta de alternância no poder e consequentemente de liberdade.

A revolução que Fidel e seus companheiros promoveram em Cuba  mudou a vida e os rumos do país. De um país medíocre, para um país respeitado, onde o povo, passou a ter acesso a educação, saúde, trabalho, aos direitos fundamentais do Ser Humano. Os números e índices de desenvolvimento humano, sejam na área da Educação, da Saúde, da Segurança Pública, no que diz respeito a taxa de mortalidade infantil, expectativa de vida, desnutrição infantil, taxa de desemprego, taxa de alfabetização, índices reduzidos de violência, sejam nos avanços em tratamento de doenças como câncer, são conhecidos pelo  mundo,  através de dados da ONU, OMS, Banco Mundial, entre outros instituições internacionais.

Este é o ponto: diferente do que muitos querem deixar prevalecer, quando chamam Fidel de ditador, não se baseiam na postura e na prática deste grande líder, que não esteve no poder a custa da miséria humana, ao contrário, buscou dar  dignidade a seu povo. Em que pese a Ilha ter limitações de ordens naturais e também pelo embargo promovido pelos Estados Unidos, Fidel foi um estadista que soube como nenhum outro líder político contemporâneo, dar significado a palavra Soberania. Cultivou uma outra característica fundamental  dentre os grandes, a solidariedade. Colocava seu país a serviço de países em momentos de dificuldades como guerras, epidemias, catástrofes etc. Goiânia se beneficiou da medicina cubana, quando do período do acidente nuclear com o Césio 137. O desconhecimento permeava o tratamento às vítimas, e Cuba, colocou à disposição a sua experiência no tratamento com as crianças vítimas do acidente nuclear da Ucrania, para atender os goianienses. Exatamente cinquenta pessoas entre crianças e adultos foram acolhidas no país, na cidade de Marina  Tarará, para receberem um tratamento adequado. 

É claro que as liberdades individuais fazem parte dos direitos fundamentais do ser humano! A geopolítica explica o rigor do regime cubano em relação aos dissidentes e aos vizinhos estadunidenses. Não foram poucas as tentativas da CIA de assassinar o líder Fidel, historiadores relatam tais fatos. Para nós a liberdade é um direito inegociável. Resta nos saber quem é mais cerceado dela: - se o povo cubano com todas as conquistas e limitações do regime socialista de Fidel, ou se o povo de países  que têm como grande ditador o mercado de consumo?

Geralda Ferraz - Radialista, Educadora, Especialista em Comunicação e Gestão Escolar


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Escola e Adolescência


O início da adolescência, fase de mudanças tanto física, quanto psicológica  coincide com outra mudança, esta na vida escolar, a 2ª fase do Ensino Fundamental.  As transformações físicas se dão com o crescimento, mudanças no corpo, na pele, na voz, nos cabelos. Tais mudanças na maioria das vezes vêm acompanhadas de muitos “grilos”, complexos e prenúncio de rebeldia. Nesta fase,  os ídolos ou modelos que antes, restringiam a pai e mãe, agora têm outros perfis,  na busca pela própria identidade, os adolescentes trazem consigo conflitos que começam a ser externados nas atitudes e comportamentos.

Na escola a 2ª etapa do Ensino Fundamental  traz mudanças significativas em suas matrizes curriculares que consequentemente são sentidas pelos estudantes/adolescentes.  As habilidades e áreas do conhecimento são elencadas por disciplinas, com horários rígidos e com diferentes professores. Se antes os horários eram mais flexíveis e possibilitavam um tempo maior para assimilar conteúdos, na nova etapa eles precisam ser ágeis e ter autossuficiência para estudar. Se na 1ª etapa o vínculo afetivo com a(o) professora(o) é mais forte, do 6º ao 9º ano, os estudantes são impelidos a assumir uma postura, que por vezes, não estão preparados, não têm maturidade. 

O início da adolescência e a 2ª fase do Ensino Fundamental não são, no entanto, os únicos elementos  responsáveis pelas dificuldades relacionadas a esta fase de ensino e da vida. Outro grande desafio para pais e escola é um fenômeno hoje comum: a síndrome do reizinho mandão, ou da princesinha! Apesar de chegarem cada vez mais imaturos nesta fase escolar e da vida, os adolescentes agem como se fossem senhores da razão. Ao mesmo tempo em que sofrem com as transformações físico e psíquico, com a perda do referencial afetivo, agem como se não pudessem ser contrariados; não toleram frustrações e chegam a ser agressivos ou demonstram indiferença em suas atitudes diante das situações próprias desta fase. 

O que fazer diante desta realidade? O caminho é o diálogo, que deve vir junto com alguns combinados fundamentais para que adolescentes, pais/mães e escola possam enfrentar tais desafios. Na família é importante delimitar o papel de pai, de mãe, de filho (a) na relação. São papeis diferentes e cada um deve saber o que lhe cabe. Pais precisam dar limites aos filhos e demonstrar afeto, ser presentes em suas vidas, dar condições e exigir resultados. Preparar cidadão de direitos e deveres. Esta história de ser amigo (a), fazendo trocas ou comercializando “favores” com o (a) filho (a) adolescente não funciona. Como pai e mãe são provedores, são os adultos, cabe a eles saber diferenciar o que é certo, o que é errado, o que pode e não pode,  muitas vezes decidir e definir o que deve ser feito. Do contrário podem tornar reféns das vontades e dos interesses pontuais dos filhos, que ainda não têm conhecimento, maturidade, e experiência e para fazerem o que é necessário e não o que pensam ser bom. Na escola da mesma forma é importante que o (a) professor (a) saiba qual é o seu papel, percebendo o estudante como uma pessoa em desenvolvimento, e que não estão na mesma posição. Devem ter consciência de que estão ali para fazer a diferença, ser a ponte, ser facilitadores(as) no processo ensino-aprendizagem. 
Por último precisamos ter a sensibilidade de observar, escutar para depois tomar alguma atitude e esta deve vir carregada de compromisso, cidadania e amor. Amor nas atitudes, nas palavras, no mister de educar. E mais um item que não pode faltar neste processo: o respeito mútuo. Este deve nortear todas as relações seja: Pais-Filhos; Estudantes – Escola; Escola- Estudantes. Com colaboração de Divina da Cunha Teixeira e Silva - Psicóloga
Geralda da Cunha Teixeira Ferraz – Educadora e Comunicadora Social - Especialista em Assessoria de Comunicação e Gestão Escolar



segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Comunicação sem machismo, sem preconceito!


A política e os políticos brasileiros ocupam boa parte das pautas jornalísticas. Não é raro vermos embate mais acalorados. Interessante também perceber o tratamento dado por parte da imprensa a "fatos" e "fatos".

Sem se deterem à análise simplesmente dos fatos políticos e as suas conseqüências, alguns jornalistas e analistas políticos fazem uma grande confusão, ao analisar os fatos e adjetivá-los pejorativamente com características pessoais da(o)s políticos. Ao usar superlativos, normalmente buscam ganhar a empatia dos leitores, acostumados a uma imprensa que banaliza e espetaculariza tudo. Fundamental para quem preocupa e luta por uma sociedade de iguais, onde mulheres e homens sejam tratados a partir de suas diferenças, porém com igualdade de direitos,  é ler e interpretar o conteúdo machista que prevalece nestes escritos, sejam eles notícias ou análises. 

É comum nestas pendengas entre parlamentares, não só entre parlamentares brasileiros, discussões e momentos de verdadeiros embates políticos. Na defesa de suas posições e idéias (Dizem que esta é uma forma saudável de expressar a democracia!),  em muitos momentos, os ânimos ficam tão exaltados que chegam às vias de fato. Infelizmente são elas, as vias de fato ou os ânimos exaltados que na maioria das vezes ocupam mais espaço na mídia, que a defesa da idéia que provavelmente motivou as atitudes exacerbadas.  

Nos últimos noticiários dos jornais locais, acompanhamos um desses embates entre o senador Marconi Perillo e a senadora Lúcia Vânia, ambos do PSDB. Até aí tudo normal. Eis que na edição n°1313, do jornal O Estado de Goiás, em sua coluna, o jornalista Luiz Carlos Bordoni, resolve falar sobre o imbróglio. É assustador e decepcionante o conteúdo do texto, a começar pelo título explicitamente machista, e que  prossegue nas linhas seguintes,  tentando de todas as formas desqualificar e desmoralizar a senadora através de adjetivos, termos discriminatórios, utilizando informações, que foge a esfera do público e entra na vida privada, envolvendo, inclusive, terceiros numa demonstração explícita de querer ofender e denegrir a imagem da parlamentar goiana. 

Acreditamos que o senador Marconi Perillo não deve ter ficado satisfeito com a comparação que o jornalista fez entre ele e a senadora Lúcia Vânia, porque não precisa destes artifícios para sobrepor-se sobre seus adversários políticos. Ele é por si só. Seus feitos são de conhecimento público!  Por outro lado, mesmo que o jornalista tivesse usado a comparação com a intenção de exaltar os feitos do senador, o que ficou evidente foi a outra intenção, a de atingir  a senadora Lúcia Vânia em todos os aspectos.

O jornalista não mediu palavras e nem conseqüências. Vivemos em uma sociedade em que as mulheres a cada dia ocupam mais espaços, dando provas que as diferenças entre mulheres e homens não servem para aumentar as discriminações e injustiças existentes em relação ao gênero feminino, ao contrário, são as diferenças que diversificam e possibilitam uma sociedade pluralista de convivência respeitosa. O Estado de Goiás nos últimos anos avançou muito em função da luta das mulheres, através dos movimentos organizados e das conquistas com a estruturação de órgãos governamentais cujo o objetivo principal é  implantar políticas públicas que diminuam cada vez mais as desigualdades sociais. Desigualdades essas, em que  as mulheres são comprovadamente as maiores vítimas.

Por que desqualificar o trabalho da senadora que tanto tem realizado por Goiás, especialmente nas políticas sociais. Dizer que ela não tem um trabalho a altura do cargo que ocupa é fechar os olhos para os fatos motivado por outros parâmetros, talvez o rancor, a raiva, seja lá o que for!

Se fosse o caso, não seria difícil nomear cada propositura dela na defesa de causas sociais. É  desnecessário. Qualquer cidadã, ou cidadão poderá obter tais informações em pesquisas na internet, ou  diretamente na página do Senado Federal, mas queremos falar aqui de um feito específico da senadora que colaborou na construção da lei de maior repercussão nos últimos tempos e que mudou a configuração dos crimes de violência doméstica e sexual contra a mulher.

A senadora Lúcia Vânia foi a relatora do projeto de lei que deu origem a Lei Maria da Penha, lei n° 11.340.  A sua contribuição perpassa os limites do nosso Estado, ela abrange todas as mulheres brasileiras  que sofrem com vários tipos de violência. Mesmo que não fosse ela titular em dez Comissões de Inquéritos Parlamentares e não tivesse apresentado aproximadamente trezentas  proposituras, Lúcia Vânia é considerada uma figura histórica que muito orgulha mulheres e homens que lutam  por direitos iguais. A senadora foi a  primeira mulher a  representar Goiás na Câmara e no Senado Federal. 

Não se pode ignorar e nem desconsiderar a luta que ela, como mulher, teve para romper as barreiras do espaço político que ainda hoje é majoritariamente masculino. Enfrentar com firmeza os embates políticos, certamente não se resume em dizer bravatas e frases de efeito. Trabalho, consciência do dever, clareza e discernimento devem ser atributos em qualquer homem ou mulher que ocupem cargos eletivos. Lúcia Vânia é uma representante que reúne esses atributos e que tem dado provas do seu comprometimento com a busca de soluções para os problemas das desigualdades sociais.

 Finalmente a Associação de Mulheres na Comunicação  e  demais entidades abaixo assinadas, repudia qualquer ação que reforça e estimula o preconceito seja ele de gênero, cor ou opção sexual e trabalha para que a comunicação se dê em toda sua amplitude, com liberdade e responsabilidade!

Assinam a carta:

ASSOCIAÇÃO MULHERES NA COMUNICAÇÃO
CEVAM
FÓRUM DE MULHERES GOIANAS
NAÇÃO MARIA RETALHO
REPRESENTANTES DAS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS   
ASSOCIAÇÃO DE MULHERES NEGRAS DANDARAS
SINPRO
OAB – MULHER
IPÊ ROSA
CPM – CENTRO POPULAR DA MULHER
FEDERAÇÃO ESTADUAL DE UMBANDA E CANDOMBLÉ


Rio + 20 e Cúpula dos Povos


A cidade do Rio de Janeiro está fervilhando. Rio + 20 e Cúpula dos Povos. Entre os dias 13 a 23 de junho gente do mundo todo discute nas duas conferências o planeta e os caminhos que garantirão o seu futuro. A primeira promovida pela Organização das Nações Unidas congrega representantes governamentais de mais de 180 países, a segunda promovida por órgãos não governamentais de todo o mundo, com mais de 18 mil participantes, traz uma diversidade de línguas, experiências e alternativas para a preservação da vida. Enquanto a 1ª  apresenta como temas norteadores para o debate,  a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável, a Cúpula dos Povos aborda a Justiça Social e Ambiental contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns.

Luiz Zarref, da Via Campesina, faz uma crítica aos rumos tomados pela Rio + 20, ao afirmar que as autoridades presentes neste encontro,  não estão preocupados em discutir a solução dos problemas ambientais do mundo. Segundo ele, a preocupação está em como o capitalismo pode se apropriar do meio ambiente, da natureza e dos territórios. Neste aspecto cabe o questionamento: - Sob que parâmetros a Rio + 20 pretende discutir  o que estão chamando de economia verde? A expressão se apresenta de forma sedutora, porém tenta legalizar grandes projetos que reforçam as máximas capitalistas,  mascarados com o discurso do  desenvolvimento sustentável. Exemplo disso é o mercado de carbono; a privatização da água, uma realidade em vários países, inclusive no Brasil, como se a solução dos problemas ambientais se resumissem em cobrar taxas, impostos, e não em mudar  paradigmas.


Na mudança de paradigmas os países ditos desenvolvidos e considerados os mais poluentes do planeta, devem investir na lógica da continuidade da vida,  consequentemente é fundamental que mudem de atitude frente a destruição que se apresenta cada vez mais iminente. Ignoram as graves conseqüências  das emissões de dióxido de carbono, principais responsáveis pelo efeito estufa e o buraco na camada de ozônio. Esta só uma entre inúmeras ações de degradação que prevalece nas condutas dos países industrializados. Daí a dificuldade de protocolos firmados desde a  ECO 92 avançar. Na verdade os maiores poluentes persistem na lógica do lucro, na continuidade da degradação, maquiada com medidas, consideradas politicamente corretas. O acelerado desmatamento e destruição do Cerrado, é conseqüência desta lógica. A monocultura canavieira avança, destruindo um dos biomas mais antigos do planeta, e que portanto, não tem como ser reconstituído,  em nome da tão propalada energia limpa.  

O encontro da Cúpula dos Povos tem a missão de fazer a sociedade repensar o modelo que prevalece no mundo capitalista: o modelo de  produção de consumo,  e  vai além,  tem a pretensão de dar visibilidade a experiências que fogem da lógica do mercado. Modelos onde o agronegócio dá lugar à agroecologia, à agricultura familiar; onde a economia de mercado dá lugar à economia solidária. E como o tema propõe discute as desigualdades sociais,  onde poucos detêm a maioria dos bens que deveriam ser comuns e a maioria sobrevivem na miséria,  sem acesso ao que a Declaração Universal de Direitos Humanos preconiza como fundamental para uma vida digna: continuam sem direito a saneamento básico, a saúde, a moradia, a educação e a segurança. Para se discutir os rumos de um planeta sustentável temos que conhecer a história do planeta e da humanidade neste planeta. Do acúmulo de bens e riqueza propiciados pela Revolução Industrial, reconhecer e lutar por uma sociedade mais justa, onde todos tenham acesso aos bens comuns, sem ter que pagar ainda mais por isto.

São muitas as vozes presentes na Cúpula dos Povos: povos de todos os continentes, de várias matizes. Representações baseadas na história e na realidade de cada povo. As mulheres, historicamente presentes nas lutas como àquelas que são solidárias e capazes de abrir mão de seus sonhos em favor do bem comum; estão presentes,  mostrando que é possível serem protagonistas de suas histórias e fazerem a história do planeta diferente da lógica egoísta do lucro e da destruição. Existe um grupo grande delas discutindo, polemizando e apresentando soluções para os problemas comuns a todas as pessoas. A síntese das discussões do que está acontecendo na Cúpula dos Povos e na Rio + 20 podem ser ouvidas na rádio on-line  HYPERLINK "http://player.jardim.in/radiocupula.html" http://player.jardim.in/radiocupula.html todos os dias às 17 horas, durante as conferências, no programa que leva o sugestivo nome de Planeta Lilás. 
Geralda Ferraz

domingo, 13 de novembro de 2016

Ano de 2005: Secretaria da Segurança Pública e Assessoria de Comunicação


É muito comum ouvirmos dizer que notícias boas não vendem jornais, não dá ibope e não são manchetes. Bem, mas há controvérsias! E uma delas se refere à visibilidade alcançada pela Secretaria da Segurança Pública e Justiça de Goiás através de suas ações e planos de trabalho no ano de 2005. 

Primeira parada: algumas premissas que em Assessoria de Comunicação não são só importantes, são acima de tudo, necessárias! Nos dias de hoje não há como desenvolver um bom trabalho de assessoria se não houver credibilidade e transparência no órgão assessorado. Neste aspecto as ações saneadoras no sentido de moralizar os órgãos de Segurança Pública em Goiás, foram fundamentais para que a instituição resgatasse a credibilidade junto a Sociedade. Outro item importante foi a escolha dos auxiliares diretos da pasta. O perfil escolhido baseava-se em pessoas de valores morais sólidos, que primam pela transparência, a coerência e a ética na condução do trabalho. Isso é condição básica, pois as figuras que ocupam os cargos de chefia, não só devem falar o como fazer, mas constituem-SE no próprio exemplo. 

A SSPJ caracteriza por ser um órgão de grande porte, que tem sob o seu comando direto 12 órgãos, seis conselhos e mais dois outros órgãos sob a sua jurisdição. Gerenciar tantos órgãos que mesmo ligados às áreas de Segurança Pública e Direitos Humanos são distintos, na perspectiva de integrá-los não é tarefa das mais fáceis! Como alcançar a visibilidade desejada? Como possibilitar que as ações de todos os órgãos sejam conhecidas pela Sociedade? 

Outra parada. É bom dizer que o tempo em que trabalhar em Assessoria de Comunicação, significava ter um “bico”, ficou para trás, hoje não se admite mais a figura ausente do assessor, que quando é requisitado, age como o “Salvador da Pátria”: aquele que conhece todo mundo nas redações de jornais e que segura todas as notícias negativas, que é capaz de maquiar informações do órgão assessorado, que é capaz de conseguir grandes manchetes sob algum fato sem relevância. 

Também não tem como falar em visibilidade se as informações dadas não refletirem ações concretas. A concepção que se baseia no trabalho de marketing com maquiagem de números, dados e figuras ilustres suplantando a realidade e as idéias, segundo Noam Chomsky, lingüista norte-americano, tem seus dias contados.

 Fazer Assessoria de Comunicação é 99% transpiração e 1% inspiração, não dá para trabalhar no improviso. Ela deve se basear no conhecimento e na criatividade, mas acima de tudo deve refletir o que de fato é o órgão assessorado. Outro fundamento imprescindível como afirma Maristela Marfei, em seu livro Assessoria de Imprensa: como se relacionar com a mídia: não se faz assessoria isolada do conjunto de práticas de relacionamento com os vários públicos da organização. Significa dizer que se o trabalho da Assessoria de Comunicação consiste em integrar os órgãos, departamentos entre si e  dar visibilidade para ações executadas por cada um deles.

Entre as várias ações implementadas pela Assessoria de Comunicação da SSPJ este ano, destacamos o trabalho realizado em parceria com a Assessoria de Informática e Telecomunicações com a formatação do novo site. O objetivo era deixá-lo mais funcional, um site de notícias e serviços. Criamos o link “Central de Notícias” com a finalidade de centralizar as notícias de todos os órgãos da SSPJ, atualizando-as diariamente, além de democratizarmos o clipping (os recortes) que antes era acessível apenas para algumas chefias, criando o clipping on line. Essas medidas não representaria nada se os órgãos da SSPJ não tivessem ações efetivas para mostrar, o que é praticamente impossível! Conhecedores do trabalho realizado pelos órgãos, sabíamos que o link representaria uma grande fonte para a imprensa goiana e não estávamos errados. Assim como o site Goiás Agora, da Agecom, em menos de um ano de implantação o link “Central de Notícias” da SSPJ é acessado diariamente pela grande imprensa em busca de notícias da área de Segurança Pública, o que nos obriga trabalhar diariamente trazendo informações novas e atraentes que tem uma grande chance de serem pautadas e virarem notícia nos meios de comunicação.

Desta forma mais que um trabalho de divulgação, o trabalho realizado pela Assessoria de Comunicação da SSPJ utiliza da oportunidade para fazer um trabalho de marketing através da mídia espontânea, reforçando a imagem positiva da SSPJ e dos órgãos subordinados a ela.

Para não nos atermos ao discurso, que pode parecer falacioso, sistematizamos os números que falam mais do que as palavras. De janeiro a dezembro alimentamos o site com 631 notícias (isso não representa a totalidade de notícias de todos os órgãos, pois alguns ainda não estão integrados ao nosso link - Central de Notícias). Fizemos um levantamento das notícias veiculadas pelos dois maiores jornais de circulação diária em Goiânia e o resultado foi o seguinte: a SSPJ teve presente em 2.100 notícias, deste total 58,25% foram notícias positivas. Um resultado significativo, em se tratando de mídia espontânea e que faz cair por terra, mitos do tipo,  imprensa não gosta de receber muita informação de um mesmo órgão, sob pena deste órgão cair em descrédito por noticiar qualquer coisa. Na verdade o segredo está exatamente neste ponto: cabe a Assessoria de Comunicação reconhecer o que é uma notícia e fazer com que ela se torne uma grande matéria. Aí reside toda a criatividade e competência da Assessoria de Comunicação.

Em linhas gerais a avaliação que fazemos do trabalho desenvolvido pela Assessoria de Comunicação da SSPJ foi positivo, mas algumas ações de mídia fizeram toda a diferença e vale a pena registra-las: 1°)  o lançamento do projeto-piloto de policiamento comunitário, que incluiu além da divulgação,  a criação de folders, cartilhas, vídeos, cds e cursos para multiplicadores, ou seja, uma ação integrada com as demais gerências que culminou com o 1° lugar no concurso a nível nacional da Motorola e Senasp e 2°) o sucesso dos dois leilões veículos realizados de forma inédita pela SSPJ, que superaram as  estimativas iniciais de arrecadação em mais de 50%. 

O 2° leilão, por exemplo, que terminou no último dia 22 e foi considerado um dos maiores do país, com mais de 3800 veículos, teve todo um trabalho de planejamento para que fosse bem sucedido. Havia uma preocupação em relação a seu sucesso, já que a maioria dos veículos tinha mais de 20 anos, servindo somente para sucatas  e estavam espalhados em 51 municípios.  Pois bem, um planejamento estratégico envolvendo a Comissão de Licitação do Leilão e Assessoria de Comunicação foi realizado, prevendo a visitação nas cidades com retransmissoras de televisão e rádios, entrevistas coletivas para abertura da visitação e abertura do leilão. Também ficou acertado que o presidente da comissão seria o porta-voz da SSPJ para as informações a respeito do leilão, façamos aqui um parêntese, o presidente preparou-se com todas as informações necessárias e além disso, demonstrou firmeza nas várias situações decorrentes dos processos de carros que seriam leiloados, isto não só transmitiu segurança, como demonstrou a transparência de todo o processo que envolveu o leilão. O secretário também esteve presente nas entrevistas chaves, além disso, a Comissão juntamente com a Assessoria de Informática disponibilizou no site da SSPJ as fotos dos veículos que iriam a leilão, fato inédito. Os resultados do trabalho de divulgação foi sistematizado, através das entrevistas concedidas pelo presidente da Comissão de Licitação de Leilões: foram 50 entrevistas para 21 veículos de comunicação e todos os lotes arrematados! O sucesso do leilão vai além dos números e passa pela imagem positiva da SSPJ, que além de usar o dinheiro arrecadado para reforçar sua frota de veículos, ainda solucionou um problema de saúde muito comum nesta época do ano: o fim dos criadouros do mosquito da dengue.

Não há como falar das realizações e ações e consequentemente da visibilidade da SSPJ, sem falar em um quesito  fundamental na relação da Assessoria de Comunicação da SSPJ com a imprensa: o diálogo franco e aberto. Foi-se a época onde o assessor de comunicação omitia informações na perspectiva de poupar a imagem do órgão, hoje ao contrário, ele deve sim ser uma fonte inesgotável de informações, preocupar em certificar se as informações são procedentes antes de passá-las à imprensa e caso de não ter a informação, não deixar de retornar a quem requisitou. O canal de comunicação entre assessoria e imprensa não deve ter ruídos, estes podem ser mais danosos para a imagem do órgão do que a própria má notícia. A propósito, nesta perspectiva a SSPJ tem à frente um gestor que se pauta pela verdade e transparência, mesmo que em alguns momentos se veja em alguma situação constrangedora, isso é muito comum nas suas participações em audiências públicas e fóruns em que participa. O último deles foi no Fórum da Acieg. Em determinada altura do debate, alguns representantes do comércio local reclamou da ineficiência das câmaras que monitoram as principais avenidas comerciais. O líder em questão depois de certificar que os comerciantes estavam certos, assumiu o compromisso de recuperar as câmaras danificadas. Compromisso cumprido, reivindicou da presidência da Acieg uma reunião com os representantes e com a imprensa para que pudesse prestar contas do compromisso assumido e assim aconteceu. Fatos como esses são corriqueiros nesta gestão, e só vem somar pontos positivos da imagem do órgão. 

No balanço que fazemos, 2005 foi um ano de muito trabalho, mas também de muita visibilidade.  2006 certamente nos reserva outros desafios, mas temos a convicção de que estaremos colhendo muito do que foi plantado!


Geralda Ferraz – Gerente de Comunicação da SSPJ  

Direito ao Voto Feminino completa 79 anos no Brasil

Publicado no jornal Diário da Manhã no ano de 2011

Setenta e nove anos se passaram desde que as mulheres conquistaram o direito ao voto. A lei instituída no Código Provisório Eleitoral de 1932, veio com restrições: apenas as mulheres casadas, com autorização de seus maridos, as  viúvas  e as solteiras com renda própria podiam votar.  Em 1934 as restrições foram retiradas do Código Eleitoral, mas o voto continuava sendo obrigatório apenas para os homens. Somente em 1946 a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres. 

A comemoração desta data, nos dias de hoje, ganhou um significado único. A primeira mulher eleita ao cargo de Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, precisou quebrar vários paradigmas e preconceitos. O primeiro deles, o simples fato de ser mulher e ter sua vida pública e privada desqualificada numa campanha eleitoral de baixo nível; durante a campanha foram muitas as difamações, sobre diversos assuntos. Perderíamos um bom tempo falando sobre cada um deles. Certamente o último preconceito quebrado pela presidenta Dilma, foi o que dizia que mulher não vota em mulher. Na última eleição, as mulheres provaram o contrário. A eleição de Dilma foi a prova que as mulheres não só votaram em uma mulher, como decidiram a eleição presidencial. 

O fato é que, a eleição da presidenta Dilma Rousseff  representou um grande avanço na luta das mulheres pelo direito de participar ativamente da vida e das decisões políticas do país, porém, a representação de mulheres nas instâncias de poder ainda é muito desigual. Estamos longe de um equilíbrio nas esferas políticas, quando o assunto é a participação da mulher na política brasileira. Junto com a conquista do voto feminino, podemos ressaltar  que a lei de cotas,  garantindo a participação mínima de 30% de mulheres nas listas de candidatos dos partidos políticos foram dois mecanismos que deram consistência e visibilidade a luta quase centenária das mulheres, mas não resultou em uma maior participação. Basta analisar o número de parlamentares mulheres no âmbito municipal, estadual e federal. O mesmo se repete nas esferas do Poder Executivo.

Análises deterministas e conservadoras apontam para a falta de vocação das mulheres nas questões políticas, mas desconhecem  as armadilhas que impedem às militantes políticas de terem uma participação efetiva, sem contudo, terem de abrir mão de suas vidas pessoais e profissionais. Enquanto os homens são motivados e recebem apoio para lançarem-se à vida pública, a grande maioria das mulheres que são lideranças comunitárias e sindicais,  travam uma luta diária para se manterem na militância. Chegam a cometer pecado mortal, aquelas  que persistem e conquistam mais espaços. São exigidas e culpabilizadas por estarem ausentes na educação de seus filhos, por terem que se ausentar dos encontros familiares e até mesmo do seu trabalho, quando a militância política exige a sua presença. 


Há 79 anos, em uma sociedade extremamente conservadora e machista, algumas  mulheres ousaram lutar pelo direito ao voto e saíram vitoriosas. É preciso que façamos memória e reiteremos nossas convicções em uma sociedade de cidadãs e cidadãos, com direitos e deveres iguais. É fundamental voltar nossos olhares para trás, para  compreendermos a nossa história através das histórias de mulheres  como,  Julia Barbosa, Bertha Lutz, Leolinda Daltro, Celina Vianna, Nathércia da Cunha Silveira, Antonietta de Barros, Almerinda Gama, Jerônima Mesquita, Maria Luisa Bittencourt, Alzira Teixeira Soriano, Carlota Pereira de Queiroz, Josefina Álvares de Azevedo, Carmen Portinho, Elvira Komel, Amélia Bevilacqua e Isabel de Sousa Matos. Nossa saudação a todas elas!

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

“Feminismo, uma outra palavra para igualdade”

Geralda Ferraz

O movimento feminista continua atual e necessário. Suas bandeiras não são restritas a uma meia dúzia de mulheres, ao contrário, tem um alcance planetário, pois onde há desigualdade entre mulheres e homens, onde há violência de gênero, é preciso que haja pessoas dispostas a lutar pela superação da cultura machista e do sofrimento que as mulheres estão expostas. Malala Yousafza, jovem ganhadora do prêmio Nobel da Paz no ano de 2014, traduziu bem a extensão do termo feminismo: feminismo é uma outra palavra para igualdade, disse ela. Todas as pessoas, mulheres e homens que lutam pela igualdade, pela justiça,  podem se autodefinir feministas.

Queremos igualdade. Somos  mulheres do século XXI, ainda presas às desigualdades, fundamentadas sobretudo, na condição de gênero!  Ao nascer mulher, uma realidade nos é colocada. A desigualdade de direitos. Mesmo gerações de mulheres que nos antecederam tenham lutado para mudar as nossas vidas, nós ainda hoje, convivemos com desigualdades que nos são caras.

As  mulheres nos espaços de poder, a presença das mulheres em instâncias convencionalmente destinadas aos homens, a valorização da mulher no mercado de trabalho com remuneração igual para a realização de atividades iguais exercidas pelo sexo oposto e os altos índices de violência doméstica, são ainda desafios a serem enfrentados por nós  mulheres do século XXI.

Lutar pelos direitos das mulheres não deve ser prerrogativa só das mulheres, mas também dos homens. Importante perceber que mulheres e homens são iguais em direitos e deveres e que os homens podem sim, dividir tarefas, compartilhar momentos de prazer, descanso e que o fato de reconhecerem tais situações, não fará deles inferiores, nem serão menos homens! Por outro lado, as mulheres não devem se sucumbir às condições impostas de repetição do modelo de submissão, patriarcal. É difícil, nem sempre nos damos conta que nossa atitude frente aos  nossos companheiros só reforça o machismo e dificulta a nossa liberdade de pensar, agir e ser. 

Tais desafios não deveriam estar atrelados à luta das mulheres, uma vez que, toda a sociedade perde com as desigualdades impostas a elas. Na relação de poder do homem sobre a mulher , quando há um desequilíbrio de direitos e o homem se sobrepõem  pela força, pelo egoísmo, pelo simples fato de ser homem, podemos perceber o quanto perde a sociedade. São famílias inteiras que sofrem às conseqüências dos abusos e da violência. São filhos que crescem desestruturados e repetem o modelo aprendido desde pequeno, num ciclo vicioso, triste e que só colabora para os números de  pessoas desajustadas em nossa sociedade.

Existe um problema que é mais pernicioso nesta lógica das desigualdades entre mulheres e homens. Na nossa sociedade ainda nos deparamos com mulheres que vivem numa condição de total dependência, a principal delas a econômica, que  torna impossível falar e exigir que exerçam o poder de decisão. Essas são uma grande parcela da população que vive na sombra, enfrentam todo o tipo de violência e não conseguem sair dela, porque os mecanismos estatais não lhes garantem estrutura suficiente para terem esperança de uma vida melhor. A opção que têm é viver sob a tutela de seus agressores, para poderem cuidar de suas crias.

Neste  08 de março, Dia Internacional das Mulheres,  devemos chamar mulheres e homens à uma reflexão simples, de muita profundidade: Não podemos nos fechar a dogmas e preconceitos que não percebam a real condição das mulheres. Precisamos sim, conhecer e saber as raízes dos problemas sociais brasileiros e conhecendo, lutar pela garantia de seus direitos. A superação das desigualdades sociais passa com certeza, pela superação das desigualdades entre mulheres e homens.


Geralda Ferraz – É militante do movimento de Mulheres e Assessora de Comunicação