segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Rio + 20 e Cúpula dos Povos


A cidade do Rio de Janeiro está fervilhando. Rio + 20 e Cúpula dos Povos. Entre os dias 13 a 23 de junho gente do mundo todo discute nas duas conferências o planeta e os caminhos que garantirão o seu futuro. A primeira promovida pela Organização das Nações Unidas congrega representantes governamentais de mais de 180 países, a segunda promovida por órgãos não governamentais de todo o mundo, com mais de 18 mil participantes, traz uma diversidade de línguas, experiências e alternativas para a preservação da vida. Enquanto a 1ª  apresenta como temas norteadores para o debate,  a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável, a Cúpula dos Povos aborda a Justiça Social e Ambiental contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns.

Luiz Zarref, da Via Campesina, faz uma crítica aos rumos tomados pela Rio + 20, ao afirmar que as autoridades presentes neste encontro,  não estão preocupados em discutir a solução dos problemas ambientais do mundo. Segundo ele, a preocupação está em como o capitalismo pode se apropriar do meio ambiente, da natureza e dos territórios. Neste aspecto cabe o questionamento: - Sob que parâmetros a Rio + 20 pretende discutir  o que estão chamando de economia verde? A expressão se apresenta de forma sedutora, porém tenta legalizar grandes projetos que reforçam as máximas capitalistas,  mascarados com o discurso do  desenvolvimento sustentável. Exemplo disso é o mercado de carbono; a privatização da água, uma realidade em vários países, inclusive no Brasil, como se a solução dos problemas ambientais se resumissem em cobrar taxas, impostos, e não em mudar  paradigmas.


Na mudança de paradigmas os países ditos desenvolvidos e considerados os mais poluentes do planeta, devem investir na lógica da continuidade da vida,  consequentemente é fundamental que mudem de atitude frente a destruição que se apresenta cada vez mais iminente. Ignoram as graves conseqüências  das emissões de dióxido de carbono, principais responsáveis pelo efeito estufa e o buraco na camada de ozônio. Esta só uma entre inúmeras ações de degradação que prevalece nas condutas dos países industrializados. Daí a dificuldade de protocolos firmados desde a  ECO 92 avançar. Na verdade os maiores poluentes persistem na lógica do lucro, na continuidade da degradação, maquiada com medidas, consideradas politicamente corretas. O acelerado desmatamento e destruição do Cerrado, é conseqüência desta lógica. A monocultura canavieira avança, destruindo um dos biomas mais antigos do planeta, e que portanto, não tem como ser reconstituído,  em nome da tão propalada energia limpa.  

O encontro da Cúpula dos Povos tem a missão de fazer a sociedade repensar o modelo que prevalece no mundo capitalista: o modelo de  produção de consumo,  e  vai além,  tem a pretensão de dar visibilidade a experiências que fogem da lógica do mercado. Modelos onde o agronegócio dá lugar à agroecologia, à agricultura familiar; onde a economia de mercado dá lugar à economia solidária. E como o tema propõe discute as desigualdades sociais,  onde poucos detêm a maioria dos bens que deveriam ser comuns e a maioria sobrevivem na miséria,  sem acesso ao que a Declaração Universal de Direitos Humanos preconiza como fundamental para uma vida digna: continuam sem direito a saneamento básico, a saúde, a moradia, a educação e a segurança. Para se discutir os rumos de um planeta sustentável temos que conhecer a história do planeta e da humanidade neste planeta. Do acúmulo de bens e riqueza propiciados pela Revolução Industrial, reconhecer e lutar por uma sociedade mais justa, onde todos tenham acesso aos bens comuns, sem ter que pagar ainda mais por isto.

São muitas as vozes presentes na Cúpula dos Povos: povos de todos os continentes, de várias matizes. Representações baseadas na história e na realidade de cada povo. As mulheres, historicamente presentes nas lutas como àquelas que são solidárias e capazes de abrir mão de seus sonhos em favor do bem comum; estão presentes,  mostrando que é possível serem protagonistas de suas histórias e fazerem a história do planeta diferente da lógica egoísta do lucro e da destruição. Existe um grupo grande delas discutindo, polemizando e apresentando soluções para os problemas comuns a todas as pessoas. A síntese das discussões do que está acontecendo na Cúpula dos Povos e na Rio + 20 podem ser ouvidas na rádio on-line  HYPERLINK "http://player.jardim.in/radiocupula.html" http://player.jardim.in/radiocupula.html todos os dias às 17 horas, durante as conferências, no programa que leva o sugestivo nome de Planeta Lilás. 
Geralda Ferraz

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