segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Comunicação sem machismo, sem preconceito!


A política e os políticos brasileiros ocupam boa parte das pautas jornalísticas. Não é raro vermos embate mais acalorados. Interessante também perceber o tratamento dado por parte da imprensa a "fatos" e "fatos".

Sem se deterem à análise simplesmente dos fatos políticos e as suas conseqüências, alguns jornalistas e analistas políticos fazem uma grande confusão, ao analisar os fatos e adjetivá-los pejorativamente com características pessoais da(o)s políticos. Ao usar superlativos, normalmente buscam ganhar a empatia dos leitores, acostumados a uma imprensa que banaliza e espetaculariza tudo. Fundamental para quem preocupa e luta por uma sociedade de iguais, onde mulheres e homens sejam tratados a partir de suas diferenças, porém com igualdade de direitos,  é ler e interpretar o conteúdo machista que prevalece nestes escritos, sejam eles notícias ou análises. 

É comum nestas pendengas entre parlamentares, não só entre parlamentares brasileiros, discussões e momentos de verdadeiros embates políticos. Na defesa de suas posições e idéias (Dizem que esta é uma forma saudável de expressar a democracia!),  em muitos momentos, os ânimos ficam tão exaltados que chegam às vias de fato. Infelizmente são elas, as vias de fato ou os ânimos exaltados que na maioria das vezes ocupam mais espaço na mídia, que a defesa da idéia que provavelmente motivou as atitudes exacerbadas.  

Nos últimos noticiários dos jornais locais, acompanhamos um desses embates entre o senador Marconi Perillo e a senadora Lúcia Vânia, ambos do PSDB. Até aí tudo normal. Eis que na edição n°1313, do jornal O Estado de Goiás, em sua coluna, o jornalista Luiz Carlos Bordoni, resolve falar sobre o imbróglio. É assustador e decepcionante o conteúdo do texto, a começar pelo título explicitamente machista, e que  prossegue nas linhas seguintes,  tentando de todas as formas desqualificar e desmoralizar a senadora através de adjetivos, termos discriminatórios, utilizando informações, que foge a esfera do público e entra na vida privada, envolvendo, inclusive, terceiros numa demonstração explícita de querer ofender e denegrir a imagem da parlamentar goiana. 

Acreditamos que o senador Marconi Perillo não deve ter ficado satisfeito com a comparação que o jornalista fez entre ele e a senadora Lúcia Vânia, porque não precisa destes artifícios para sobrepor-se sobre seus adversários políticos. Ele é por si só. Seus feitos são de conhecimento público!  Por outro lado, mesmo que o jornalista tivesse usado a comparação com a intenção de exaltar os feitos do senador, o que ficou evidente foi a outra intenção, a de atingir  a senadora Lúcia Vânia em todos os aspectos.

O jornalista não mediu palavras e nem conseqüências. Vivemos em uma sociedade em que as mulheres a cada dia ocupam mais espaços, dando provas que as diferenças entre mulheres e homens não servem para aumentar as discriminações e injustiças existentes em relação ao gênero feminino, ao contrário, são as diferenças que diversificam e possibilitam uma sociedade pluralista de convivência respeitosa. O Estado de Goiás nos últimos anos avançou muito em função da luta das mulheres, através dos movimentos organizados e das conquistas com a estruturação de órgãos governamentais cujo o objetivo principal é  implantar políticas públicas que diminuam cada vez mais as desigualdades sociais. Desigualdades essas, em que  as mulheres são comprovadamente as maiores vítimas.

Por que desqualificar o trabalho da senadora que tanto tem realizado por Goiás, especialmente nas políticas sociais. Dizer que ela não tem um trabalho a altura do cargo que ocupa é fechar os olhos para os fatos motivado por outros parâmetros, talvez o rancor, a raiva, seja lá o que for!

Se fosse o caso, não seria difícil nomear cada propositura dela na defesa de causas sociais. É  desnecessário. Qualquer cidadã, ou cidadão poderá obter tais informações em pesquisas na internet, ou  diretamente na página do Senado Federal, mas queremos falar aqui de um feito específico da senadora que colaborou na construção da lei de maior repercussão nos últimos tempos e que mudou a configuração dos crimes de violência doméstica e sexual contra a mulher.

A senadora Lúcia Vânia foi a relatora do projeto de lei que deu origem a Lei Maria da Penha, lei n° 11.340.  A sua contribuição perpassa os limites do nosso Estado, ela abrange todas as mulheres brasileiras  que sofrem com vários tipos de violência. Mesmo que não fosse ela titular em dez Comissões de Inquéritos Parlamentares e não tivesse apresentado aproximadamente trezentas  proposituras, Lúcia Vânia é considerada uma figura histórica que muito orgulha mulheres e homens que lutam  por direitos iguais. A senadora foi a  primeira mulher a  representar Goiás na Câmara e no Senado Federal. 

Não se pode ignorar e nem desconsiderar a luta que ela, como mulher, teve para romper as barreiras do espaço político que ainda hoje é majoritariamente masculino. Enfrentar com firmeza os embates políticos, certamente não se resume em dizer bravatas e frases de efeito. Trabalho, consciência do dever, clareza e discernimento devem ser atributos em qualquer homem ou mulher que ocupem cargos eletivos. Lúcia Vânia é uma representante que reúne esses atributos e que tem dado provas do seu comprometimento com a busca de soluções para os problemas das desigualdades sociais.

 Finalmente a Associação de Mulheres na Comunicação  e  demais entidades abaixo assinadas, repudia qualquer ação que reforça e estimula o preconceito seja ele de gênero, cor ou opção sexual e trabalha para que a comunicação se dê em toda sua amplitude, com liberdade e responsabilidade!

Assinam a carta:

ASSOCIAÇÃO MULHERES NA COMUNICAÇÃO
CEVAM
FÓRUM DE MULHERES GOIANAS
NAÇÃO MARIA RETALHO
REPRESENTANTES DAS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS   
ASSOCIAÇÃO DE MULHERES NEGRAS DANDARAS
SINPRO
OAB – MULHER
IPÊ ROSA
CPM – CENTRO POPULAR DA MULHER
FEDERAÇÃO ESTADUAL DE UMBANDA E CANDOMBLÉ


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