Geralda Cunha – É
mestra em Educação pela UFG. Assessora de Comunicação e Ativista pelos Direitos
Humanos
Goiânia sofre com o fenômeno da distopia que acometeu o
nosso país nos últimos tempos. A distopia é um pensamento filosófico caracterizada
por uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios
extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos, o
termo surge como o oposto de utopia. Na literatura e no cinema são muitos os exemplos de sociedades
distópicas. Quem não se lembra do livro e filme do mesmo nome 1984? Matrix, Mad
Max e o brasileiro Bacurau, entre outros? O goiano José J. Veiga abordou o tema
no livro A hora dos Ruminantes, de 1967.
A administração da nossa capital tem sido um
bom exemplo de administração distópica A população tem sofrido com esta polêmica
e confusa gestão. Quando o assunto é Educação, a Educação Infantil (uma das etapas prevista na LDB
9394/96 e considerada fundamental na formação do indivíduo), vem sendo negligenciada ao longo dos anos nas
administrações municipais da nossa capital. Ano após ano as demandas não são todas
atendidas e crianças, que deveriam estar nos Centros Municipais de Educação
Infantil – Cmeis estão fora deles, enquanto mães e pais precisam recorrer ao
Ministério Público para terem acesso às vagas que lhes são de direito! Não
existe um planejamento para suprir esta demanda e dar dignidade às crianças e
suas famílias. Eis que o gestor tira da cartola a brilhante ideia e vai defendê-la
no plenário da Câmara Municipal de Goiânia: fechar 50 bibliotecas e salas de
leitura, sob a alegação de que os livros causam sinusite! É inacreditável tal
argumento! Desconhecimento? Ignorância? Ou má intenção?
Parece atuam
baseados naquela velha máxima: “a gente propõe, se colar, colou!” Um verdadeiro acinte a nossa inteligência. Agem
com dolo, gerindo mal o dinheiro público, na certeza de que vão aceitar “descobrir um santo, para cobrir outro”, como
se não houvesse leis que exigem que as escolas cumpram requisitos básicos para o
funcionamento e um deles é a existência de bibliotecas para que as crianças,
alunas e alunos tenham acesso aos recursos da leitura, do conhecimento! Também
estão previstos que as escolas façam limpezas rotineiras nas caixas d’águas,
que tenham estrutura adequada para cadeirantes, proteção nas escadas, rampas,
espaços de convivência, salas adequadas ao número de crianças e alunos, de tal
forma que é fácil deduzir que esteja previsto profissionis da limpeza que
proporcionem ambientes limpos e arejados, impedindo todo o tipo de sujeira que
possam causar doenças como a referida pelo gestor!
Felizmente
as autoridades competentes impediram a tentativa de fechamento das bibliotecas
de forma irresponsável e autoritária. Infelizmente estamos sendo atropelados
por uma onda de gestores que chegaram ao poder e desconhecem como funciona a
administração pública. Impõem medidas e quando não conseguem o intento, usam
das prerrogativas para “convencer” parlamentares a compactuar com ações que não
atendem ao bem comum, pelo contrário, deixam uma camada de fumaça no ar, na
tentativa de enganar o povo, não prestando contas, sem transparência,
invertendo a lógica de um governo democrático, sendo um governo de e para privilegiados!
Nenhum comentário:
Postar um comentário