sexta-feira, 14 de julho de 2023

Distopia na administração de Goiânia

                                                                  

Distopia na administração de Goiânia

Geralda Cunha – É mestra em Educação pela UFG. Assessora de Comunicação e Ativista pelos Direitos Humanos

            Goiânia sofre com o fenômeno da distopia que acometeu o nosso país nos últimos tempos. A distopia é um pensamento filosófico caracterizada por uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos, o termo surge como o oposto de utopia. Na literatura e no cinema são muitos os exemplos de sociedades distópicas. Quem não se lembra do livro e filme do mesmo nome 1984? Matrix, Mad Max e o brasileiro Bacurau, entre outros? O goiano José J. Veiga abordou o tema no livro A hora dos Ruminantes, de 1967.

             A administração da nossa capital tem sido um bom exemplo de administração distópica A população tem sofrido com esta polêmica e confusa gestão. Quando o assunto é Educação, a  Educação Infantil (uma das etapas prevista na LDB 9394/96 e considerada fundamental na formação do indivíduo),  vem sendo negligenciada ao longo dos anos nas administrações municipais da nossa capital. Ano após ano as demandas não são todas atendidas e crianças, que deveriam estar nos Centros Municipais de Educação Infantil – Cmeis estão fora deles, enquanto mães e pais precisam recorrer ao Ministério Público para terem acesso às vagas que lhes são de direito! Não existe um planejamento para suprir esta demanda e dar dignidade às crianças e suas famílias. Eis que o gestor tira da cartola a brilhante ideia e vai defendê-la no plenário da Câmara Municipal de Goiânia: fechar 50 bibliotecas e salas de leitura, sob a alegação de que os livros causam sinusite! É inacreditável tal argumento! Desconhecimento? Ignorância? Ou má intenção?

            Parece atuam baseados naquela velha máxima: “a gente propõe, se colar, colou!”  Um verdadeiro acinte a nossa inteligência. Agem com dolo, gerindo mal o dinheiro público, na certeza de que vão aceitar  “descobrir um santo, para cobrir outro”, como se não houvesse leis que exigem que as escolas cumpram requisitos básicos para o funcionamento e um deles é a existência de bibliotecas para que as crianças, alunas e alunos tenham acesso aos recursos da leitura, do conhecimento! Também estão previstos que as escolas façam limpezas rotineiras nas caixas d’águas, que tenham estrutura adequada para cadeirantes, proteção nas escadas, rampas, espaços de convivência, salas adequadas ao número de crianças e alunos, de tal forma que é fácil deduzir que esteja previsto profissionis da limpeza que proporcionem ambientes limpos e arejados, impedindo todo o tipo de sujeira que possam causar doenças como a referida pelo gestor!

            Felizmente as autoridades competentes impediram a tentativa de fechamento das bibliotecas de forma irresponsável e autoritária. Infelizmente estamos sendo atropelados por uma onda de gestores que chegaram ao poder e desconhecem como funciona a administração pública. Impõem medidas e quando não conseguem o intento, usam das prerrogativas para “convencer” parlamentares a compactuar com ações que não atendem ao bem comum, pelo contrário, deixam uma camada de fumaça no ar, na tentativa de enganar o povo, não prestando contas, sem transparência, invertendo a lógica de um governo democrático, sendo um governo de e para privilegiados!


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