terça-feira, 30 de abril de 2024

Sororidade

Vamos falar de um termo que se tornou muito comum quando se trata de movimento feminista: Sororidade. Afinal o que significa? O termo vem do latim Soror que significa irmã. Qual a importância da irmandade entre as mulheres? De exercitar a empatia, de se colocar no lugar da outra e entender sua dor, seus dilemas, suas vulnerabilidades numa sociedade estruturada no patriarcado e no machismo? A irmandade baseada na sororidade parte do princípio da capacidade de uma mulher compreender a outra sem pré-julgamentos, colaborando para a superação dos estereótipos preconceituosos criados por esta sociedade que teima em naturalizar as violências sofridas, sejam elas psicológicas ou físicas, que reproduz valores machistas que submetem nós mulheres, a todo tipo de violência. O patriarcado nos deixou um legado de construção social em que os homens foram educados para a competição no mundo dos negócios, da política, para o mundo público, enquanto as mulheres foram e ainda são educadas para o mundo da casa e da submissão ao homem. Neste modelo social, as mulheres vêem as outras como opositoras, concorrentes! Esta cultura é extremamente tóxica e faz com que ainda hoje, após tantas lutas e conquistas, nos vemos em conflito com outras mulheres, e o que é pior, reproduzindo estereótipos construídos pelo patriarcado, ainda que este modelo reforce a conduta de um agressor, um violentador, um autêntico machista, misógino, que não respeita as mulheres e as vê como objeto, propriedade e extensão sua! Os casos recentes envolvendo personalidades do mundo do futebol expuseram esta visão machista de forma assustadora! Inúmeras pessoas, inclusive mulheres, saíram na defesa do agressor famoso, utilizando os argumentos que reforçam os preconceitos contra as mulheres, desacreditando-as, não levando em conta a situação de fragilidade que se encontra a mulher vítima da violência sexual! Felizmente um movimento contrário, que garante os direitos das mulheres, criou um protocolo que identifica mulheres em condição de vulnerabilidade, como aconteceu no caso Daniel Alves. A atitude do segurança da boate local, que tinha conhecimento do protocolo e o colocou em prática, foi fundamental, possibilitando a prisão do jogador e os desdobramentos do caso, que é de conhecimento público. Ao refletir sobre a prática da sororidade, convido minhas irmãs a se espelharem nas histórias de nossas ancestrais benzedeiras, parteiras, nossas avós, mães, tias e irmãs que em um tempo não muito distante, e ainda hoje muito comum na região Norte do Brasil, onde o acesso ao serviço médico é muito difícil, se constituíam e constitui na rede de apoio de outras mulheres que cuidavam e cuidam umas das outras. A superação do patriarcado e a conseqüente superação da violência contra as mulheres, dos altos números de feminicídios e estupro, passa por esta reconexão com a história das nossas ancestrais. É fundamental praticarmos a empatia, a sororidade umas com as outras. Qualquer que seja o nosso lugar: de mulheres negras, indígenas, brancas, crianças, idosas, ricas, pobres, intelectuais, de periferia, ou que ocupam espaço de poder! A sororidade só tem sentido se exercida em sua plenitude, acima de todas as diferenças. Sororidade seletiva não é sororidade!

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