segunda-feira, 17 de novembro de 2008

A mulher e o mercado de consumo

A Mulher e o mercado de consumo - 26/11/2005

As mudanças sociais delinearam um novo perfil de pessoas para a Sociedade Ocidental. As mulheres são as que assimilaram estas mudanças até com uma certa tranqüilidade. Talvez porque estas mudanças tenham sido fruto de anos e anos de luta para verem seus direitos garantidos e respeitados.

Dados estatísticos, porém, dão conta de que em virtude desta mudança, o mercado está cada vez mais ávido por esta lucrativa fatia. É todo um arsenal de coisas foi montado para ampliar o nicho de mercado e vender produtos para o público feminino. De lingerie a carro; de eletrodomésticos à produtos bancários; de telefones celulares a sofisticados notebooks. Tudo que antes era próprio do público masculino, hoje é vendido para o público feminino com um toque de feminilidade. Para a sociedade capitalista, ou a sociedade de consumo, a nova tendência de mercado é um prato cheio para que as empresas ganhem mais e mais dinheiro, já que sabidamente hoje as mulheres representam mais de 50% da população brasileira.

Me preocupa é que ainda explorando as conquistas feministas vemos surgir uma outra tendência: de programas, palestras, serviços voltados para a mulher que não trazem nenhuma contribuição para a sua emancipação, ao contrário, reforçam a idéia de mulher supérflua, consumista e que não gosta de pensar. Fico feliz quando no mês da mulher vejo proliferar uma quantidade enorme de atividades em homenagem ou para elas. A princípio chego a pensar: que legal, vamos estar aprofundando as discussões em torno dos inúmeros problemas que ainda atingem a maioria das mulheres brasileiras. Mas quando passamos os olhos pela programação deste ou daquele evento, os assuntos que prevalecem são sempre aqueles que ligam a imagem da mulher ao mundo fácil da beleza, do consumo, do dinheiro. Nada de falar da falta de programas que contemplem a saúde, a sexualidade, o direito da mulher decidir pelo seu próprio corpo, de discutir os preços inflacionados da comida que vai na mesa das brasileiras e brasileiros, nada de polêmicas, nada do que possa a ser uma difícil discussão. Apenas a superficialidade!

Atenção e vivacidade são o que toda a mulher deve ter nestes momentos! Todo e qualquer evento que enxergue a mulher como pessoa com direitos e deveres, não pode ser planejado sem prever o problema da grande maioria de mulheres empobrecidas, alienadas, injustiçadas! Discutir questões femininas como se tivesse discutindo a melhor forma de manter um casamento, como se a mulher fosse a única responsável, não contemplando o compromisso e dever do homem; discutir espaço público, sem falar das milhares de excluídas; discutir beleza, sem antes discutir submissão da mulher e como fazer ela gostar de si, sem ter que seguir o padrão estabelecido pela mídia... me desculpem as companheiras, isso é discurso vazio, sem nenhum objetivo... ou melhor, com o único e exclusivo objetivo de ajudar o mercado a vender seus produtos, para o público feminino que hoje representa o grande diferencial do mercado de consumo!
Geralda Ferraz

Nenhum comentário: