Artigo publicado no jornal O Popular - 12/12/2019
Geralda Ferraz, radialista, educadora e ativista pelos Direitos Humanos
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 10 de dezembro de 1948, completa 71 anos e continua sendo parâmetro fundamental para as relações humanas em qualquer âmbito. Tornou-se lugar comum tratar os Direitos Humanos como algo distante de nós. É prática de ignorantes, equivocada e maldosa se referir aos Direitos Humanos como invenção de grupos de pessoas que defendem bandidos! Em que pese ninguém parar pra pensar que bandidos são seres humanos, não seres de outro planeta! Têm histórias, e na maioria das vezes, histórias silenciadas pela ausência dos Direitos Humanos em seus lugares de origem!
Hoje quando se fala em Direitos Humanos, vale a pergunta: para onde caminha a humanidade? A velocidade imposta pela vida contemporânea, tem nos feito cada vez mais irracionais e impulsivas. O estilo fast-food ( comida rápida) de viver, não nos permite relações afetivas, a convivência e muito menos a reflexão! Todas as nossas ações precisam estar em consonância com as “necessidades” deste tempo. Não há tempo para as paradas! Cada vez mais somos impelidas a viver sozinhas, mesmo vivendo em sociedade! A lógica é, se eu resolver o meu problema, já está de bom tamanho!
O estilo fast-food de viver está em consonância com o modelo econômico neoliberal e suas medidas que incentivam a liberdade de mercado e a diminuição do Estado e consequentemente a flexibilização das leis trabalhistas, a diminuição das políticas sociais para o combate das desigualdades sociais, a diminuição dos recursos para as áreas da Educação, Saúde e Segurança Pública, dentre outras!
Ao contrário do discurso que valida as mudanças econômicas e o alinhamento ao modelo neoliberal , que coloca o mercado como centro das decisões, transferindo o ônus destas mudanças para a população empobrecida, é preciso colocar as pessoas, todas elas, com suas especificidades, diferenças, diversidades, crenças, a frente de todo e qualquer modelo econômico! Só assim, poderemos falar de Direitos Humanos como condição inegociável para todos! Só assim, conseguiremos combater as desigualdades sociais e fazer justiça social!
A nossa realidade demonstra que é urgente pensarmos soluções para a garantia de direitos da população em situação de rua, para o genocídio da juventude negra e de periferia, para a criminalização e extermínio dos indígenas, para o assentamento das pessoas que lutam pela terra, para a população LGBTTs, para a liberdade de expressão, para a vida digna e sem violência das mulheres e tantos outros direitos usurpados todos os dias, pela ausência do Estado, onde ele deveria estar presente, e o excesso dele, onde ele deveria garantir a vida digna para todas as pessoas!
Onde o mercado e o lucro são mais importantes que as pessoas, não há garantia de direitos!
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