Publicado no jornal O Popular - 17.10.2019
O tempo tem sido testemunha de grandes mudanças no comportamento humano, impulsionados pelas exigências de um novo modo de viver, que passa pela condução da vida para o sucesso na perspectiva do TER, inversamente proporcional ao SER. As pessoas encontram-se diante de grandes desafios. Como avançar na convivência/relacionamento humano, sem reconhecer suas raízes, superar o que não os faz melhor, para tornarem-se melhores? A masculinidade tóxica é um comportamento atual, resquício da sociedade patriarcal, potencializada na nossa sociedade e que têm contribuído no aumento da violência, sobretudo da violência contra a mulher.
Professor na Universidade de Córdoba - Espanha, Octávio Salazar, é autor do livro "El hombre que no deberíamos ser", afirma que há uma construção simbólica do que é ser homem, que precisa mudar, quando se pensa uma sociedade mais justa. Ele cita alguns exemplos que estão presentes na nossa sociedade e que atrapalham a busca da sociedade igualitária: meninos não choram – não podem ser sensíveis. Meninos engolem o choro e não demostram frustrações; meninos precisam brigar - uma cultura que enfatiza a agressividade como uma característica masculina. O diálogo nunca é apresentado como forma de resolver os conflitos; coisas de meninos – condutas que reafirmam padrões equivocados da nossa cultura, de forma que meninos que demonstram interesses em brincadeiras diferentes dos modelos dominantes, passam a ser oprimidos, discriminados; bicha, mariquinha, fresco - são termos comuns ditos nas famílias, quando veem meninos que demonstram preferências em brincadeiras diferentes do que culturalmente foi associado ao universo masculino, reforçando o discurso homofóbico e a convicção patriarcal de que há uma única forma de ser homem; o homem é uma máquina sexual - modelo de homem que para ser considerado macho, precisa ter várias parceiras sexuais e que naturalmente tem comportamento abusivo em relação às mulheres; homem responsável /homem molenga - os homens não podem exercer suas responsabilidades como parceiros, pais, sob pena de serem considerados fracos e comandados pelas mulheres; e por fim ideia de que o homem é um ser bruto, de características animalescas e que portanto, não pode ser sensível, culto e de boa educação, como recentemente em vídeo, um certo pastor, insinuou ao falar das características que um homem deve ter para ser o “cabeça” do lar.
A masculinidade tóxica é inversamente proporcional ao modelo de homem em uma sociedade igualitária. O tema vem sendo pautado, inclusive por homens em busca de respostas para suas angústias na vida contemporânea. Debater o assunto é contribuir na superação da violência doméstica e na construção de uma sociedade de iguais!
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