Por Geralda Ferraz
O carro parado no sinal vermelho
de um sinaleiro entre a Av. Goiás Norte e a Av. Nerópolis, nas raras vezes de tranqüilidade do trânsito,
eu contemplava a árvore plantada exatamente no meio das vias de mão dupla. A
árvore é uma gameleira, daquelas que parece
não conhecer limites, seus galhos vão de uma pista a outra, agraciando
os motoristas com uma frondosa sombra.
Sua copa também é bem farta, enche os olhos com tanta beleza e harmonia,
seu tronco pode ser abraçado por umas cinco pessoas
com braços bem abertos, sem exagero! É um verdadeiro patrimônio, como tantas outras antigas gameleiras
espalhadas pela nossa cidade. Depois da derrubada polêmica das 100 árvores em
uma via central da mesma avenida, acredito que a gameleira pode ser o próximo
alvo. Posso estar enganada, mas se a
construção da BRT, o corredor de trânsito rápido, está prevista para chegar até
o Recanto do Bosque, bairro da região Norte, as máquinas com certeza vão esbarrar nesta que
é um verdadeiro patrimônio da população local. Isso significa que vamos ter
mais impasse e ruídos pela frente.
Há situações que são inevitáveis.
O problema das vias urbanas e o caos no trânsito é fato! A necessidade da
ampliação e reestruturação dos corredores de transporte público é fato! A
previsão da ampliação de uma das vias mais importantes de transporte público de
Goiânia, a Av. Goiás, também é fato! Por
que então, a polêmica? Os questionamentos? Os
ruídos? O fato é que de um dia para outro, tudo ruiu. O que num dia ilustrava a
paisagem com o verde e as sombras das árvores, virou no dia seguinte, tronco cortado, copas caídas. O que
antes eram flores, sombra, beleza, verde, resumia-se em uma paisagem desoladora.
A imagem é forte, choca, provocando nas pessoas indignação e por conseguinte uma crise
institucional. De um lado a realização de obras necessárias, do outro, as
pessoas e o sentimento de que está tudo de mal a pior, e esta é só mais um
entre tantos problemas que a cidade vem passando nos últimos tempos.
Difícil esta equação. Realizar e
ao mesmo tempo conseguir atender as necessidades de todos, sem transtornos, ou
minimizando-os em prol de um bem maior.
Existe um ditado popular que diz:
- o combinado não sai caro. Em que pese na maioria das vezes aplicarmos tal ditado ao ato de comprar, também neste imbróglio ele cabe. Quando
lidamos com um projeto como do corredor
de ônibus - BRT, que prevê mudanças estruturais em 22 quilômetros de extensão de Norte a Sul da cidade, faz-se
necessário que a população tenha conhecimento detalhado do
que será feito e como será feito. Tal
medida previne que pequenos ruídos se tornem grandes problemas em
uma gestão.
Mesmo vivendo em um mundo com
tantos avanços tecnológicos, que usam do planejamento e da precisão em tudo o
que fazem, muitas vezes a sensação que temos, é que quando se trata de gestão
pública, ainda estamos na idade da pedra e a comunicação institucional não existe.
O gestor fica de um lado, falando para si mesmo e do outro fica a população
insatisfeita e com a sensação que quando se trata da coisa pública, nada
funciona bem e nunca funcionará. Também
na gestão pública é preciso que haja um
planejamento estratégico e que a comunicação não seja colocada como um detalhe
sem maior importância. Pior que isto, só o assessor se colocando como uma entidade, um ser superior, quase
Deus, com o poder de barrar toda e qualquer informação que não seja positiva para a gestão.
É de conhecimento das assessorias
de comunicação e também da imprensa que a maior demanda para as grandes pautas vem
do Estado/Ente Público. É preciso, portanto, que em uma gestão baseada em problemas e
desafios do século XXI, os
governantes preocupem em realizar uma
gestão transparente, em que as informações sejam disponibilizadas para a
população de maneira fácil, mais que isto, é preciso sair na frente, antecipar,
para não ter que apagar fogo, mesmo não sendo bombeiros.
A jornalista Olga Curado diz que a crise em
uma instituição, empresa ou órgão público é um teste de atenção, mesmo sendo
vista por muitos como algo que surge inesperadamente. Espero verdadeiramente que a gameleira
majestosa não seja a próxima crise desta obra que certamente ainda tem muitos
capítulos pela frente. Espero ainda, que assim como se faz cronograma de
trabalho, previsão de execução e entrega dos trechos, que não descuidem da
informação. Trate-a com cuidado, como que escrevendo um belo texto, até mesmo
um poema que sintetize e traduza tudo o que precisa ser dito, afinal de contas,
o público, dito como alvo, é a população pagadora de impostos.
Geralda Ferraz
Radialista
Especialista em Gestão
Escola, Assessoria de Comunicação e
Comunicação Pública
Nenhum comentário:
Postar um comentário