domingo, 23 de agosto de 2015

A vida


 Ao longo das nossas vidas nos deparamos com experiências  que nos chocam, nos deprimem e outras que nos surpreendem, nos dão esperança e força para continuar em frente. Costumo dizer que algumas destas experiências na minha juventude foram fundamentais para eu ser quem sou hoje.

Atuar profissionalmente em duas áreas distintas e sobretudo importantes nas vidas das pessoas: segurança pública e  educação. Elas  me deram bagagem para lidar com situações extremas e difíceis do dia a dia. Na primeira aprendi que para lidar com as situações limites em que estava exposta como morte, violência, dor, tristeza, precisava ser FORTE. Como atender as pessoas que buscavam por socorro, se não conseguisse processar todas as situações envolvendo sentimentos, sofrimentos extremos, dor?  Ser forte, porém, sem perder a sensibilidade. Dar importância a dor do outro. Ser forte, para saber como melhor agir em benefício da outra pessoa. Ser forte, não insensível! Com a educação aprendi a acreditar na ESPERANÇA, em ver o poder de superação das crianças e jovens apesar das adversidades. Não foram  e não são poucas as histórias que compartilhamos  em que os pequenos e adolescentes conviveram com a dor da perda, com as dificuldades impostas a si mesmas por doenças, por vezes de difícil cura. Que foram obrigadas a enfrentar,  às limitações impostas por traumas, separações ou mesmo por uma limitação física e neuropsicológica. É angustiante quando percebemos que as dificuldades prevalecem sobre as possibilidades de superação, mas é de uma alegria imensuravelmente  contagiante quando, como que num passe de mágica, vimos o desabrochar de uma nova pessoa, viva, com as cicatrizes visíveis, mas não expostas. Percebermos que a luz sobrepôs, a sombra, que a vida superou a morte, que a esperança prevaleceu sobre os medos.


A contemplação muitas vezes,  nos faz relacionar as paisagens com  as situações que a vida nos expõe, dando significado as histórias vividas. Esta semana me deparei com um, não,  com dois brotos de Amarílis no meu quintal. Fiquei super feliz porque na semana anterior, estes mesmos brotos eram nada. Explico: O tempo seco e o desconhecimento da cuidadora do meu pequeno jardim, fez com que as folhas das Amarílis fossem rasteladas, sem o devido cuidado. Delas nada restaram. Ao perceber a situação, fiquei triste, mas pensando nos bulbos que estavam no solo, reguei assim mesmo, na expectativa que as folhas voltassem a brotar. Eis que para minha surpresa, uma semana depois, visualizei não as folhas, mas dois brotos de flores! Isto mesmo. Estes que estão aí nas fotos. 


Ao ver os brotos de flores me veio a cabeça muitas histórias de superação. É assim a vida: diante de um grande problema, ainda sobre o efeito da perplexidade, a nossa primeira reação é pensar que estamos diante da própria morte, mas depois de um certo tempo, a nossa FÉ na vida fala mais forte e continuamos a cultivá-la,  regando, mesmo que ela esteja por um fio.  A aparência triste do tempo quente e da grama seca não servem para nos tirar a esperança de que a VIDA se renovará. Do seio do solo, da terra, o mistério da vida se dá, se refazendo,  se fortalecendo e eis que ela brota mais viçosa, ainda mais bela!

Observação: Em homenagem a minha  irmã Ivone que agora começa vida nova!


Um comentário:

Ivone disse...

Agradeço a homenagem, o texto e principalmente por ter sido Cirineu,pela ajuda durante todo esse tempo.A primavera se aproxima.Eu creio.Beijo grande!