Aqui sete dos nove filhos de Ubaldina e Marcolino |
Família de mineiros. Pensa! A tradição é que as mulheres fossem boas parideiras. Vó Mariquinha, doze filhos. Tia Joana, doze filhos. Tia Dita, dezessete! Sim, até virou lenda. Só paria filhas mulheres. Fez inúmeras tentativas. Na décima primeira gravidez veio o desejado filho homem, apelidado, Zé das dez.
Mal sabia a menina frágil, órfã de mãe, que ela também, continuaria a história daquelas mulheres. Aos 14 anos, vivendo entre uma casa e outra, acudindo os irmãos, eis que a vida lhe acena, hora de se tornar mulher.
A pedido da mãe, Marcolino saiu cedo da Fazenda Samambaia, viajando léguas, em seu cavalo. O destino era a Campininha. Ia em busca de notícias da tia Nita, recém-parida. Ao avistar o jovem, a menina órfã, comprometida com o convento, ficou encantada e não teve dúvidas. Sem se dar conta do conservadorismo da época e nem do compromisso anterior, escreveu um bilhetinho ao mancebo propondo namoro sério.
A história de amor entre os dois, forjou a mulher forte no corpo da menina frágil. Superando a ignorância e a pobreza, perseverou, foi sábia e de uma perspicácia rara. Com o marido abdicou da vida na roça, desafiou o destino para educar as sete meninas e os dois meninos. A menina órfã se tornou dona Ubaldina. Mãe, dona-de-casa, costureira, benzedeira, bordadeira, comerciante, e, sobretudo educadora, se formando doutora na escola da vida. Ela sim, um verdadeiro exemplo de vida!
Geralda Ferraz
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